O ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) foi às redes sociais, nesta quinta-feira (26), para minimizar a morte de Genivaldo de Jesus Santos. O homem, que tinha 38 anos e sofria de esquizofrenia, foi amarrado e covardemente asfixiado em uma espécie de câmara de gás feita por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no porta-malas de uma viatura, durante abordagem em uma rodovia e Umbaúba (SE), antes de morrer em um hospital, na quarta-feira (25).
Segundo Moro, a ação dos agentes foi "lamentável", mas fez questão de contar uma mentira para defender a PRF: a de que a violência policial é "rara". "Lamentável ação em Sergipe de 2 policiais da PRF. Mas que não se tome exceção como regra. Conheci de perto a PRF quando Ministro. São profissionais valorosos e a violência policial é rara", escreveu.
Te podría interesar
O ex-juiz ainda pediu para que a ação seja "apurada", sendo que a tortura com gás que levou Genivaldo á morte foi toda gravada em vídeo. "Meus sentimentos à família do sr. Genivaldo", finalizou.
A PRF que Moro defende, além de ter sido a responsável pela morte de Genivaldo, participou da operação na Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro, que deixou 25 mortos na última terça-feira (24).
Te podría interesar
Laudo confirma asfixia
Laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe divulgado nesta quinta-feira (26) confirma que Genivaldo, que foi amarrado e colocado dentro do porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na cidade de Umbaúba morreu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
Genivaldo, que tratava um quadro de esquizofrenia há 20 anos, estava de moto e foi espancado durante abordagem dos policiais rodoviários, que o colocaram no porta-malas onde soltaram um gás denso.
O caso aconteceu na manhã desta quarta-feira (25) e foi filmado pelo sobrinho da vítima, Wallyson de Jesus, que tentou intervir.
“Eu estava próximo e vi tudo. Informei aos agentes que o meu tio tinha transtorno mental. Eles pediram para que ele levantasse as mãos e encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos. Meu tio ficou nervoso e perguntou o que tinha feito. Eu pedi que ele se acalmasse e que me ouvisse”, disse o rapaz em entrevista à Globo.
“Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram ele para o hospital, mas já era tarde”, contou ainda.
Genivaldo era casado e deixa um filho. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, outros exames foram realizados para detalhar a razão da morte. O corpo foi liberado do IML, em Aracaju, por volta das 22h30 desta quarta.
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal afirma que Genivaldo resistiu "ativamente" à abordagem.
"Ele foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil. No entanto, durante o deslocamento, passou mal, foi socorrido e levado para o Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito", diz a nota, ressaltando que a Polícia Judiciária vai apurar o caso.