VIOLÊNCIA POLICIAL

PM que agrediu Liana Cirne Lins ficará 21 dias preso; "Vergonha", lamenta vereadora

A vereadora de Recife (PE), em maio de 2021, tentou impedir violência policial em um ato contra Bolsonaro e foi alvo de um ataque covarde com spray de pimenta disparado por um dos agentes

Vereadora Liana Cirne Lins para viatura pouco antes de ser alvo de violência policial.Créditos: Reprodução
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O policial militar que agrediu a vereadora Liana Cirne Lins (PT), de Recife (PE), finalmente será penalizado, quase 1 ano após o ataque covarde contra a petista. Segundo a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), o procedimento administrativo contra o soldado Lucas França da Silva foi concluído e ele foi condenado a 21 dias de detenção

Liana, em 29 de maio de 2021, tentou negociar com os policiais para evitar ações violentas em uma manifestação contra Jair Bolsonaro (PL) na capital pernambucana. Sem conversa, o soldado disparou spray de pimenta contra o rosto da vereadora, que passou mal, chegou a cair no chão e precisou ser socorrida. O caso teve repercussão nacional. 

À Fórum, Liana classificou o ataque que sofreu como uma "vergonha para a corporação policial". "Sou professora de Direito, formei centenas de policiais, esses que me agrediram não representam a polícia, representam justamente a ilegalidade, a brutalidade, a violência", declara. 

Sobre a penalidade imposta ao policial agressor, a vereadora avalia que não se trata sequer de uma punição. "Foi uma premiação. É uma vergonha", critica. 

Relembre o caso 

A vereadora Liana Cirne Lins foi vítima da violência policial durante manifestação em Recife (PE) contra o governo de Jair Bolsonaro, em maio de 2021, justamente por tentar impedir a truculência contra manifestantes. 

“Os policiais atiraram com o intuito de ferir os manifestantes. Eu lamento profundamente e espero que não apenas os responsáveis e o comandante da operação sejam responsabilizados, mas espero, também, que o governo do estado de Pernambuco compreenda a urgência para estabelecermos um novo protocolo de ação policial em casos como esse”, afirmou à época. 

Ela conta que tomou conhecimento de que estavam ocorrendo atos de violência e repressão policial durante o protesto que pedia "Fora Bolsonaro”.

“Nós nos dirigimos para o local e, na Ponte Princesa Isabel, eu desci do carro. Com minha carteira de vereadora em punho impedi que a viatura perseguisse os manifestantes, que estavam pacíficos no ato, correndo e pedindo socorro”, relatou. 

“Apesar de eu ter me apresentado e tentado dialogar, infelizmente os policiais desceram da viatura e começaram a disparar balas de borracha diretamente nos manifestantes. Não atiraram para cima ou tentaram qualquer tipo de dispersão. Atiraram com o intuito de ferir os manifestantes”, revelou ainda. 

A vereadora destaca que tentou dialogar e dizer que o procedimento estava incorreto, que os policiais não podiam atirar nos manifestantes, pois eles não ofereciam nenhum tipo de risco.

“Fiz isso com muita calma. Sou professora de Direito há 25 anos, tive centenas de alunos policiais. Por isso, para mim, é muito natural o diálogo com policiais, sempre de maneira muito respeitosa. Mas, infelizmente, eles estavam bastante alterados. Eu pedi ao policial que me agrediu posteriormente que ele se identificasse e informei que iria abrir um procedimento administrativo contra ele, porque ele não estava seguindo o procedimento correto”, disse. 

“Ele se dirigiu até a viatura e eu, mais uma vez, pedi para que ele se identificasse. Então, ele disparou um jato muito longo de spray de pimenta, diretamente no meu rosto, a cerca de um palmo de distância. Felizmente, não tive nenhuma lesão mais grave nos meus olhos”, acrescentou.