Era pra ser mais uma manhã tranquila no luxuoso bairro de Santa Teresa, com vista para o Lago Guaíba, em Porto Alegre (RS). Até que a polícia foi acionada para uma ocorrência envolvendo disparos de arma de fogo de grosso calibre, por volta das 7h30 desta quarta-feira (27).
Octávio Driemeyer Júnior, um empresário de 44 anos proprietário da Abastesul, uma das maiores distribuidoras de alimentos do Brasil, com sede em Canoas (RS), era o autor dos tiros de escopeta calibre 12. Ele tinha acabado de matar a mãe, Delci Driemeyer, de 79 anos, a esposa, Lisandra Lazaretti Driemeyer, de 45 anos, o filho, Enzo Lazaretti Driemeyer, de 14 anos, e a sogra, Geraldina Lazaretti, de 81 anos. Em seguida, Octávio disparou com a carabina contra si, tirando a própria vida.
O bárbaro crime deixou moradores da região nobre, assim como toda a sociedade gaúcha, espantados, já que as vítimas e o autor eram figuras proeminentes da elite econômica do Rio Grande do Sul. A arma usada no crime, segundo a Brigada Militar (BM), era de propriedade do sogro de Octávio, Aldino Lazaretti, que faleceu há quatro dias depois de enfrentar um câncer nos últimos seis meses. Uma tia de Lisandra, que também vivia no local, estava num cômodo térreo da casa e, assim que ouviu os disparos, se escondeu. Ela foi a única sobrevivente.
O que acontecia na casa dos Driemeyer?
De acordo com a Polícia Civil, as informações levantadas até agora mostram que Octávio Driemeyer Júnior estava endividado e recentemente tinha recebido a notícia de um gerente bancário de que o montante devido chegara a aproximadamente R$ 30 milhões.
Familiares, amigos e funcionários da direção da Abastesul disseram que o empresário tinha consciência das dívidas, falava disso sem problemas e seguia trabalhando na distribuidora para quitá-las. As mesmas pessoas, assim como vizinhos, disseram que jamais existiu qualquer episódio de violência doméstica por parte do autor dos tiros, o que deixou as autoridades ainda mais perplexas. Não fosse por um fator.
Foram encontradas na casa, um amplo sobrado de três andares e com um grande jardim, várias caixas de antidepressivos. Pessoas próximas confirmaram que Octávio teria dito que sofria com a doença psiquiátrica e que seu quadro era grave e acentuado.
Já no início da noite, os responsáveis pela investigação confirmaram que verificam a possibilidade das vítimas estarem dopadas no momento dos tiros, já que elas não tentaram fugir e foram encontradas em locais diferentes da ampla residência. Apenas Octávio e o filho estavam juntos, no quarto, o que faz a polícia acreditar que o garoto tenha sido o último executado.