Marcel Mira e Priscila Machado estavam casados havia 16 anos quando ela começou a trabalhar com a assistente social Regiane Gabarra. Depois dos três formarem uma amizade mais sólida, em determinada ocasião, perceberam e confessaram uma paixão mútua e resolveram formar um trisal. Antes disso, na comemoração de 15 anos de casados, Priscila até pediu dicas para Regiane para presentear o marido com um ménage a trois, embora tenha sido repreendida pela amiga.
O casal que originalmente deu início à união, e que tem dois filhos, é de formação religiosa evangélica e se assume bem tradicional, não tendo vivido a sexualidade plenamente. Eles contam que quando se viram envolvidos, isso gerou muitos conflitos pessoais, que depois de se assumirem foram substituídos por vários preconceitos por parte da sociedade de Bragança Paulista, cidade do interior de São Paulo, onde vivem.
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Priscila já havia feito laqueadura e não podia mais ter filhos, e foi então que Regiane engravidou e os três resolveram que teriam a criança e que todos iam ser registrados como pais do bebê na certidão de nascimento. Agora, com a vinda de Pierre, que nasceu no sábado (15) numa maternidade bragantina, com 3,180 kg e 50 centímetros, a intenção do trisal é entrar com uma ação na Justiça para ter a permissão para o registro incomum.
A lei brasileira permite que mais de duas pessoas, habitualmente pai e mãe, mas que também pode ser um casal homoafetivo, registre uma criança: é o chamado reconhecimento de responsabilidade socioafetiva. Nestes casos, que são poucos, uma terceira pessoa pode ter seu nome vinculado à criança e passará então a ter as mesmas responsabilidades dos outros dois indivíduos que legalmente têm a tutela do menor.
No entanto, o procedimento não é tão simples. A autorização para a inclusão de mais um nome depende da autorização de um juiz, que analisa o caso minuciosamente e exige um laudo psicológico para ter certeza de que naquele determinado contexto seria possível o acréscimo de mais um responsável legal. O problema é que normalmente isso só é permitido quando a criança tem mais de seis anos e pode se manifestar sobre a solicitação feita pelos pais.
O trisal de Bragança Paulista, que se apresenta nas redes como “Trisal Amor ao Cubo”, é bem popular e faz postagens sobre poliamor e relacionamentos poucos convencionais. Eles mantêm 38 mil seguidores na internet.