ABSURDO E INSENSATEZ

Prédio multa dentista que atende crianças especiais "porque elas fazem barulho"

Caso gerou revolta nas redes. Ao receber reclamação de sala vizinha, profissional avisou a administração, que resolveu puni-lo e exigiu isolamento acústico do consultório

Dentista Edson Higa com paciente.Créditos: Arquivo pessoal
Escrito en BRASIL el

Um dentista que trabalha em Curitiba (PR) e faz atendimento de crianças com necessidades especiais foi multado pelo prédio comercial onde tem consultório “porque elas fazem barulho”. O caso gerou indignação e até uma manifestação em favor do profissional foi realizada na capital paranaense.

Edson Higa contou que a penalidade foi imposta em fevereiro, embora já tive sido notificado em dezembro do ano passado do "problema". O odontólogo relembra que no dia da multa um vizinho de conjunto comercial tinha ido ao seu consultório para reclamar do choro das crianças com deficiência. Ele bateu no vidro durante um procedimento cirúrgico, enquanto Higa usava um bisturi. Não adiantou explicar a situação ao locatário, que não aceitou as justificativas. O paciente era um menino com paralisia cerebral.

O dentista, então, comunicou a situação à administradora, esperando que a firma se posicionasse favoravelmente a ele, em vista do importante trabalho que realiza com as crianças. Só que eles encaminharam uma multa para o profissional, no valor de R$ 332,26, o mesmo da taxa de condomínio.

Higa afirma que é dono do local e atende ali há pouco mais de seis meses. Em 30 anos de carreira, ele diz que não se recorda de tamanha insensibilidade por parte de todos os outros envolvidos no episódio. Desde a primeira reclamação, salienta, fez até isolamento acústico da sala, por exigência do prédio, mas as queixas continuaram.

O caso despertou tanta indignação na sociedade curitibana que a Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Idoso e da Pessoa com Deficiência (Criai) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi acionada para acompanhar o desenrolar dos fatos, notificando o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Crimes (Nucria) da Polícia Civil, que deve investigar o episódio.

Até uma manifestação foi realizada em defesa de Higa na última semana, bem em frente ao prédio onde o dentista atende, no bairro do Centro Cívico. Os participantes levaram cartazes e bexigas que chamavam a atenção para o trabalho essencial do odontopediatra junto a esses pacientes com necessidades especiais.