O sertanista Sydney Possuelo, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), encontrou uma forma de mostrar sua indignação com o fato de Jair Bolsonaro (PL) ter recebido a Medalha do Mérito Indigenista. Em protesto, ele vai devolver a sua comenda.
Bolsonaro foi condecorado pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, nesta quarta (16). O titular da pasta também deu a medalha para si mesmo e para outros nove ministros do governo federal.
A decisão de Possuelo, de 82 anos, profissional com destacada atuação e reconhecimento no Brasil e no exterior, é um protesto contra a condecoração do presidente da República, já que sempre se mostrou inimigo dos indígenas, e contra a política adotada pelo governo em relação ao tema.
“Entendo, senhor ministro, que a concessão do mérito indigenista ao senhor Jair Bolsonaro é um flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas as convicções cultivadas por homens de estatura dos irmãos Villas Boas”, escreveu o sertanista, em carta encaminhada a Anderson Torres.
“Devolvo ao governo brasileiro, por seu intermédio, a honraria que, no meu juízo de valores, perdeu toda a razão pela qual, em 1972, foi criada pelo presidente da República”, acrescentou Possuelo, segundo informações do Estadão.
Na presidência da Funai, sertanista cuidou dos indígenas isolados
O ex-presidente da Funai recebeu sua comenda em 1987. A condecoração foi criada em 1972 para homenagear pessoas com dedicação reconhecida à causa indígena.
Quando presidiu a Funai, na década de 1990, Possuelo se dedicou a cuidar dos indígenas isolados, promovendo ações de proteção às comunidades sob ameaça da incursão de madeireiras e garimpo ilegal na Amazônia.