Não será apenas o apresentador Monark, do Flow Podcast, que terá problemas com a Justiça por ter dado declarações em favor do nazismo na edição do programa de segunda-feira (7). Outro participante da mesa, o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), partido do presidenciável Sergio Moro, será investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por ter dito durante a entrevista que “a Alemanha errou ao criminalizar o partido nazista”.
A determinação para que o parlamentar seja investigado pelo crime de apologia ao nazismo foi dada pelo procurador-geral da República Augusto Aras, que será assessorado por especialistas criminais da PGR. Há poucos dias Aras disse em seu discurso na abertura do ano legislativo no Congresso que “todo discurso de ódio deve ser rejeitado com a deflagração permanente de campanhas de respeito a diversidade como fazemos no Ministério Público brasileiro para que a tolerância gere paz e afaste a violência do cotidiano”.
Bruno Aiub, o Monark, também será investigado pela PGR, ainda que outras instâncias do Ministério Público também o estejam fazendo. No caso de Kataguiri, por ser deputado federal e ter foro privilegiado (apenas o Supremo Tribunal Federal pode julgá-lo), a ação de investigá-lo só pode ser realizada por Aras.
Numa tentativa de recuar diante do problema que arranjou por ter endossado as palavras de Monark, Kataguiri emitiu uma nota oficial nesta terça (8), por meio de seu gabinete em Brasília, dizendo que é “muito melhor expor a crueldade dessa ideologia nefasta para que todos vejam o quanto ela é absurda”, ainda que não tenha ficado claro em que nível essa justificativa atenua sua primeira declaração.
Em seu perfil oficial no Twitter, o deputado atacou o PGR e citou os casos em que Aras nada faz contra as barbaridades cometidas por Jair Bolsonaro e seus filhos. "É aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram tenha agido tão rápido. Quando há claros indícios de crime cometido pelo presidente da República, Augusto Aras nada faz. Porém, diante de uma conduta claramente de mero debate em um podcast, Aras age rapidamente - e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao Governo Bolsonaro. É um contrassenso. Vou colaborar com as investigações pois meu discurso foi absolutamente antinazista, não há nada de criminoso em defender que o nazismo seja repudiado com veemência no campo ideológico para que as atrocidades que conhecemos nunca sejam cometidas novamente. Ao contrário das pessoas privilegiadas pela inércia de Aras, nada tenho a esconder", disparou irritado o parlamentar paulista.