O presidente Jair Bolsonaro justificou seus gastos no cartão corporativo de R$ 30 milhões em três anos unindo duas táticas bem conhecidas de seu repertório: colocar a culpa em alguém e mencionar fatos que só existem na realidade paralela de seus seguidores.
Na lógica obtusa do extremista, ele precisa de muitos guarda-costas porque querem matá-lo, e isso gera custo, mas Dilma deveria ter governado sem proteção pessoal, "porque ninguém queria fazer uma besteira com ela". Bolsonaro disse ainda que viaja muito "porque inaugura muitas obras", mas que a ex-presidenta petista não precisava gastar porque não fazia nada.
"Quase tudo aqui é financiado com o cartão corporativo. Eu posso ir ao Nordeste com dois seguranças? Não, tem que ir 50… Só que Dilma viajava para onde? Para inaugurar o quê? Não fizeram nada. Inauguravam o quê? Gastavam com segurança com ela? Ninguém estava atrás de fazer uma besteira com ela", explicou o presidente, fazendo o habitual malabarismo para delírio da claque que o aguarda todos os dias na porta do Palácio do Alvorada.
Mamata do cartão corporativo
Apesar do discurso de campanha de que iria cortar gastos e das críticas feitas no passado às despesas da presidência da República, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentou consideravelmente os gastos com cartões corporativos.
Segundo levantamento feito pelo jornal O Globo, entre janeiro de 2019, quando assumiu a presidência, e dezembro de 2021, Bolsonaro gastou com os 29 cartões destinados a cobrir suas despesas pessoais e de sua família R$ 29,6 milhões, valor 18,8% maior do que os R$ 24,9 milhões gastos durante 4 anos entre os governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Para se ter uma ideia, somente em dezembro de 2021, quando Bolsonaro tirou férias e foi curtir praias e pescaria, os gastos com cartões corporativos somaram R$ 1,5 milhão, maior valor para um único mês durante os 3 anos de seu mandato.
Ao longo de todo o ano de 2021, foram torrados R$ 11,8 milhões nestes cartões, o que representa o maior valor nos últimos 7 anos.