Luiza Trajano, empresária dona e fundadora do Magazine Luiza, falou em entrevista ao UOL sobre o rótulo dado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) de "empresária socialista", revelou se pretende entrar na política ou se candidatar a algum cargo, e comentou sua opinião sobre cotas para negros, pessoas com deficiência e mulheres.
Segundo a empresária, ela é socialista "desde os 10 anos". "Se ser feminista é ser a favor da igualdade entre homens e mulheres, sou sim. Mas temos que tomar cuidado com as palavras. Por exemplo, o termo socialismo. Um dia desses me definiram como uma 'empresária socialista'. Olha, se socialista é quem é a favor da igualdade social, sou socialista desde os 10 anos", respondeu.
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Trajano, que recebeu ataques ao implementar o primeiro programa de trainee exclusivo para pessoas negras no Brasil, disse ser "completamente a favor das cotas como um processo transitório para acertar desigualdades". A empresária argumentou que, se "houve uma escravidão de quase 400 anos, com uma abolição que não existiu e que deixou marcas terríveis na nossa sociedade, é preciso oferecer oportunidades".
"Senão, não tem jeito. E muitos dos processos históricos do nosso país tornaram-se crenças limitantes, das quais temos que nos libertar", afirmou, citando também as cotas para pessoas com deficiência e mulheres.
Participação política
A fundadora da Magalu preside o Grupo Mulheres do Brasil, criado em 2013 e que conta com mais de 98 mil participantes no Brasil e no exterior. A intenção é se tornar o maior grupo político suprapartidário do país, com foco em diversidade e participação feminina nos processos de decisão do país.
Uma das campanhas mais fortes, de acordo com ela, se chama "Pula para 50", e busca ocupar 50% de cadeiras efetivas do Congresso Nacional com mulheres. Atualmente, a participação feminina é de somente 12% neste segmento.
A empresária ressaltou, porém, que não será candidata a nenhum cargo público em 2022. "Não sou candidata, mas sou uma política. E acredito que [Grupo Mulheres do Brasil] vamos fazer diversas coisas ainda este ano e estar muito presentes, porque nós não somos A, B ou C, somos um projeto com um número grande de mulheres envolvidas, muitas de nós líderes no Brasil e no mundo. Então, o Mulheres do Brasil tem força para fazer propostas para o Governo, para o Senado e tudo mais", afirmou.
Trajano explicou que "não medo de entrar na política partidária", mas que acha que, para isso, é preciso ter uma vivência anterior no universo e "aceitar negociar sempre".
"Para mim, uma coisa é você precisar alinhar interesses, outra coisa é ter de negociar e ceder em algo que não gosta e não acredita. Por isso, minha atuação política segue muito na linha do trabalho de sociedade civil. Particularmente, sou uma política desde menina, por isso mesmo eu investi muito nesses últimos 8 anos no grupo Mulheres do Brasil. Todas as transformações do mundo vieram através de uma sociedade civil organizada, não existe uma pessoa que vai lá e salve a pátria sozinha", disse.