Após defender partido nazista, Monark se vitimiza e diz que é alvo de "linchamento"

O apresentador do Flow Podcast foi rebatido por internautas, que lembraram do assassinato do congolês Moïse Kabagambe

Monark, no Flow Podcast (YouTube/Reprodução)Créditos: Reprodução
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O podcaster Bruno Aiub, conhecido como Monark, foi às redes sociais nesta quinta-feira (10) se fazer de vítima após  ter defendido a existência de um partido nazista no Brasil durante o Flow Podcast, apresentado por ele.

"Eu posso ter errado na forma como eu me expressei, mas oque estão fazendo comigo é um linchamento desumano. Reitero que um nunca apoiei a ideologia nazista e que a considero repugnante. A ideia defendida é que eu prefiro que o inimigo se revele do que fique nas sombras", escreveu Monark no Twitter.

O novo comentário foi repudiado nas redes. Muito usuários destacaram que ele não está sofrendo nenhum linchamento e lembraram do episódio em que o congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

"Não, Monark. Linchamento é o que teve na Barra da Tijuca, contra Moise Kabagambe. Você é só um adulto que acha que é moleque e não pode ser cobrado pelas merdas que fala. "Tava bêbado", ora, faça-me o favor! Aceita seus B.O., rapaz!", disse Fernando L'Ouverture.

Monark pode ser preso, diz advogado especialista em direitos humanos 

Monark é investigado pelo Ministério Público e pode ter que pagar indenizações e até ser preso por apologia ao nazismo e discriminação contra judeus.

Segundo o advogado especialista em direitos humanos Ariel de Castro Alves, os crimes se enquadram no Artigo 20º da Lei Federal Antirracismo (7716) e, como foram cometidos com o uso de meios de comunicação, a pena pode variar de 2 a 5 anos de prisão e multa.

“Claramente, temos apologia ao nazismo. Ele [Monark] está incitando o preconceito, a discriminação, e também pregando que tenhamos no Brasil um partido que divulgue o nazismo, que faça apologia ao Holocausto”, explicou à Fórum.

PGR e MP acompanham o caso

O coletivo Judeus e Judias pela Democracia de São Paulo entrou com representação criminal contra Monark para que ele seja investigado pelos crimes de apologia ao nazismo, incitação à violência, injúria racial e intolerância religiosa. As ações serão encaminhadas ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Ministério Público Federal (MPF) e Procuradoria-Geral do estado de São Paulo.

Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério Público também abriram investigações para apurar o caso.

Através das redes sociais, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou a fala de Monark e a classificou como apologia ao nazismo. “Qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena. O discurso do ódio contraria os valores fundantes da democracia constitucional brasileira. Minha solidariedade à comunidade judaica”, escreveu o magistrado. O ministro Alexandre Moraes também se manifestou no mesmo sentido.

O crime de apologia ao nazismo é previsto pela Lei 7.716/1989, e estabelece como pena reclusão de dois a cinco anos e multa.

À Fórum, a antropóloga Adriana Dias, pesquisadora e especialista no fenômeno do neonazismo, explicou que o nazismo não pode ser tratado como liberdade de opinião. “Dar voz a uma minoria, a um partido nazista, não é dar voz a uma liberdade de opinião, porque rapidamente grupos radicais como o partido nazista, usam de todas as ferramentas possíveis e terríveis de violência para chegar ao poder e destruir todas as outras minorias”, atestou.

https://twitter.com/monark/status/1491820065876058120