Em nota divulgada nesta quinta (10), o Ministério da Defesa se coloca novamente a serviço de alimentar a narrativa golpista, mas com a devida dubiedade que vem marcando os comunicados oficiais, sejam do presidente da República, sejam das Forças Armadas.
Com o objetivo de "evitar distorções" a respeito do conteúdo do relatório publicado nesta quarta (9), veiculado após semanas de suspense, a nota explica que o documento não aponta nem exclui a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Pode não significar muito, mas a nota não foi assinada pelo Ministro, como foi o relatório, é subscrito de forma genérica pelo "Ministério da Defesa".
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Objetivo da nota
Explicado o objetivo da nota, o texto segue retomando alguns pontos do relatório de 63 páginas, que consistem em críticas quanto às condições nas quais o processo eleitoral foi feito, contendo inclusive sugestões de melhorias.
No relatório divulgado na quarta, há uma conclusão textual que indica ausência de inconsistências: "conclui-se que a verificação da correção da contabilização dos votos, por meio da comparação dos Boletins de Urnas (BU) impressos com dados disponibilizados pelo TSE, ocorreu sem apresentar inconformidade". Já na nota divulgada nesta quinta o tom é outro: "em consequência dessas constatações e de outros óbices elencados no relatório, não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem seu funcionamento".
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A nova nota soa como uma resposta à reação nas redes da extrema-direita, cujas lamentações diante do conteúdo do relatório produziram uma verdadeira fábrica de memes, bem como uma reação à nota publicada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, também nesta quarta (9), informando que o TSE "recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa".
Em reunião com o gabinete de transição transmitida ao vivo na manhã desta quinta (10), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente uso das Forças Armadas para fiscalizar urnas eletrônicas e classificou o resultado como "humilhante".