Entre amigos: promotor que investiga rachadinha de Carlos Bolsonaro vai ao aniversário da advogada de Flávio

Festa foi realizada no Iate Clube do Rio de Janeiro

Promotor Alexandre Murilo Graça publicou fotos da festa nas redes sociais (Reprodução)
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Alexandre Murilo Graça, promotor que investiga corrupção por meio da chamada "rachadinha" no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), foi no último sábado (22) à festa de aniversário de Luciana Pires, advogada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que assim como seu irmão Carluxo também é investigado por rachadinha em seu gabinete, porém em outro processo.

Segundo o jornal O Globo, a festa de Luciana, realizada no Clube Iate do Rio de Janeiro, reuniu cerca de 150 pessoas, entre elas outros advogados, promotores e advogados de polícia.

A investigação sobre rachadinhas no gabinete de Carlos Bolsonaro é feita pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada, mas está parada. O inquérito foi aberto após denúncia publicada na revista Época, em 2019, de que a ex-esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, organizava esquema para que funcionários de Carluxo devolvessem parte de seus salários.

Questionado pelo jornal O Globo sobre sua presença na festa da advogada de Flávio, o promotor Alexandre Murilo Graça afirmou, por meio de nota, que "não há, no Código de Processo Penal, impedimento legal em relação à situação descrita".

Ex-funcionário diz que Bolsonaro sabia de corrupção dos filhos

Ex-funcionário da família Bolsonaro, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos disse em depoimento ao Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) sabia dos esquemas de corrupção de seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro em seus gabinetes na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro.

Segundo informações da coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, Marcelo Luiz contou que Bolsonaro tirou o comando das mãos de sua então esposa, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, e passou para os filhos quando descobriu estar sendo traído por ela.

O ex-empregado atuou na campanha de 2002 de Flávio para deputado estadual e, entre 2003 e 2007, foi lotado no gabinete de Flávio na Alerj. Em entrevista exclusiva à coluna, ele afirmou que, todos os meses, sacava 80% do seu salário e entregava o dinheiro em espécie nas mãos da ex-esposa do presidente – com o conhecimento dele.

Todos os assessores de Flávio, de acordo com o ex-empregado, faziam o mesmo, bem como os de Carlos. Ele trabalhou por quase 14 anos para o filho 01 do presidente e pediu demissão no mês passado, por não receber o salário que havia pedido.

Marcelo confessou ter devolvido 80% de tudo o que recebeu no gabinete de Flávio nos quase quatro anos em que foi seu servidor: cerca de R$ 340 mil no total.

Ex-assessor também admite rachadinhas

Waldir Ferraz, servidor aposentado da Marinha Mercante que se identifica como amigo “Zero Zero” do presidente Jair Bolsonaro (PL), admitiu em entrevista à Revista Veja que foram montados esquemas de rachadinha em três gabinetes do clã Bolsonaro. Ferraz, conhecido como Jacaré, no entanto, tentou culpar Ana Cristina Valle, ex-esposa do presidente, pelo esquema.

“Ela [Ana Cristina] fez nos três gabinetes. Em Brasília, aqui no Flávio e no Carlos. O Bolsonaro deixou tudo na mão dela para ela resolver. Ela fez a festa. Infelizmente é isso. Ela que fazia, mas quem é que assinava? Quem assinava era ele. Ele vai dizer que não sabe? É batom na cueca. Como é que você vai explicar? Ele está administrando. Não tem muito o que fazer”, disse Jacaré à jornalista Laryssa Borges, da Veja. Ele e o presidente são amigos há mais de três décadas.

Ferraz, que era servidor do gabinete de Bolsonaro antes da chegada da ex-esposa do presidente, deu detalhes do esquema: Ana Cristina recolhia documentos de algumas pessoas, abria contas bancárias e embolsava parte dos salários. Segundo ele, muitos dos envolvidos nem sabiam do esquema, eram funcionários fantasmas.

O amigo do presidente tentou isentar o mandatário da responsabilidade: “Ele quando soube, ficou desesperado, era uma fria. O cara foi traído. Ela que começou tudo. Bolsonaro nunca esteve ligado em nada dessas coisas. O cara não tinha visão do que estava acontecendo por trás no gabinete. Às vezes o chefe de gabinete faz merda, e o próprio deputado não sabe. Mesmo o deputado vagabundo não sabe, só vem a saber depois”.