Parlamentares da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolaram junto ao Ministério Público Federal (MPF), nesta terça-feira (11), uma representação contra o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). Os políticos solicitam que a procuradoria investigue suposto envolvimento de ambos com vazamento de dados pessoais de médicos pró-vacina.
Após audiência pública promovida pelo Ministério da Saúde sobre vacinação contra a Covid-19 em crianças, realizada em 4 de janeiro, dados como CPF, telefone e e-mail de 3 médicos pró-vacinação que participaram do encontro foram compartilhados em grupos de WhatsApp e nas redes sociais. O vazamento motivou ataques e ameaças contra os especialistas feitos por bolsonaristas antivacina.
Na última semana, ao jornal O Globo, a deputada Bia Kicis, que participou da audiência, admitiu que compartilhou documentos que estavam em posse do Ministério da Saúde em grupos de WhatsApp. Esses documentos contêm os dados dos médicos.
"Há em curso um amplo e sistemático modelo de disseminação de fake News, vazamentos e ameaças, que aliados ao recrudescimento autoritário do Governo – que impulsiona seus apoiadores à violência – tem graves consequências não só para a democracia brasileira, mas para com as vidas daqueles que defendem a ciência e que não concordam com a postura irresponsável do Governo Bolsonaro no que concerne às crianças", diz um trecho da representação do PSOL, que foi encaminhada ao procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena.
Bolsonaro motivou ataques a servidores da Anvisa
Em dezembro, servidores que compõem o corpo técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) resolveram expor seus nomes como forma de reagir à intimidação de Jair Bolsonaro, que pediu lista dos envolvidos na aprovação da vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
“Sou servidor da Anvisa e aprovei a vacina”, diz frase escrita em placa exibida por dezenas de trabalhadores. As fotos foram compiladas em um vídeo divulgado pela Associação de Servidores da Anvisa (Univisa).
Em live nas redes sociais no dia 17 de dezembro, Bolsonaro criticou a autorização da agência para a vacinação infantil e disparou, em um claro gesto de intimidação: “A Anvisa não está subordinada a mim, não interfiro lá. Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, formem o seu juízo”.
“Não sei se são diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou o tal do corpo técnico. Mas seja qual for, você tem direito a saber o nome das pessoas que aprovaram a vacina a partir de 5 anos para seu filho. E você decida se essa vacina se compensa ou não”, declarou ainda.