Jornalistas da Rádio Inconfidência entram em greve

No ar há 85 anos, os profissionais da rádio estatal resolveram paralisar depois que as novas diretrizes excluíram trabalhadores com ensino médio da progressão de carreira

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A Rádio Inconfidência, que é uma emissora pública de Minas Gerais, está completando 85 anos nesta sexta-feira (3), mas, infelizmente, não há muito o que comemorar.

Jornalistas e radialistas decretaram greve. O fato que desencadeou a paralisação foi a alteração do plano de carreira que exclui os trabalhadores com ensino médio da progressão de carreira.

De acordo com os organizadores do movimento de paralisação, são os trabalhadores com ensino médio que colocam a rádio no ar todos os dias.

Outro fator que levou à paralisação é a insatisfação salarial. A secretaria de Estado da Fazenda aprovou, em março do ano passado, no começo da pandemia, a autorização, para aumentar os salários da diretoria e da presidência da emissora pública com base no INPC acumulado de fevereiro de 2011 ao mesmo período de 2020, enquanto os trabalhadores concursados estão com os salários congelados desde 2019.

Entretanto, a Justiça do Trabalho em primeira instância já determinou que a emissora dê tratamento igualitário a três funcionários da empresa que acionaram o judiciário requisitando também a recomposição da inflação não paga há três anos, apesar da existência de uma Convenção Coletiva de Trabalho.

Precarização e utilização política

A Empresa Mineira de Comunicação engloba, além da Rádio Inconfidência, a Rede Minas, emissora de televisão pública também do governo do estado, envolvida recentemente em uma polêmica envolvendo sua grade de programação.

Candidato a reeleição, o governador Romeu Zema, quer colocar na grade da TV um programa do Conselho de Pastores, entidade que reúne líderes evangélicos de uma das maiores agremiações neopentecostais do estado, a Igreja Batista Getsêmani.

O conselho é liderado pelo pastor Jorge Linhares, cujo apoio foi disputadíssimo por Zema no segundo turno da eleição de 2018, em que ele venceu a disputa com o ex-governador Antônio Anastasia, se tornando o primeiro e único governador do partido NOVO.

Nessa sexta-feira (3), data em que a rádio completa 85 anos só estão sendo veiculadas músicas, programas e spots gravados. A programação especial e ao vivo que seria colocada no ar em comemoração ao aniversário da Gigante de Minas, como a rádio é conhecida pelos seus ouvintes da AM, não foi veiculada, e um ato está marcado na porta da emissora com a presença de entidades de classe das categorias que representam os servidores e que também estão enfrentando ameaças de privatização, extinção, terceirização e congelamento de salários.