Brasil de Bolsonaro: Porsche tem 1,5 mil na espera enquanto desempregados entram na fila de ossos

Entre janeiro e junho, ricaços compraram 1.692 carros de luxo, que custam a partir de R$ 508 mil, enquanto desempregados entram na fila de ossos para raspar resquícios de carne para se alimentarem

Revenda da Porsche e os ossos que alimentam os desempregados (Montagem)
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A desigualdade social crescente desde o golpe de 2016, se aprofundou ainda mais com a chegada de Jair Bolsonaro (Sem partido) à Presidência.

Henrique Rodrigues: A miséria de Bolsonaro: fila pra pegar ossos no açougue é marco histórico

Reportagem da coluna Painel S.A., na edição desta segunda-feira (9) da Folha de S.Paulo, revela que a empresa Stuttgart, revendedora da Porsche no Brasil, zerou seus estoques do carro de luxo e tem, atualmente, 1,5 mil compradores na lista de espera.

Marcel Visconde, presidente da revendedora, diz que foi pego de surpresa com o aquecimento do mercado de carros de luxo, que custam a partir de R$ 508 mil.

Entre janeiro e junho, foram vendidos 1.692 carros, número próximo ao total vendido em 2020, em plena pandemia, quando 1.939 "porsches" deixaram as revendas e foram para as garagens dos ricaços brasileiros.

A notícia foi divulgada menos de um mês depois de uma reportagem do portal Uol mostrar que diariamente, ainda de madrugada, dezenas de desempregados fazem fila em frente a um açougue no bairro CPA2, na periferia de Cuiabá, para tentar conseguir pedaços de ossos doados pelo estabelecimento para raspar resquícios de carne para se alimentarem.

Em maio, o Boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUCRS e o Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), revelou que o rendimento médio dos 40% mais pobres caiu mais de um terço entre o quarto trimestre de 2019 e de 2020. Aqueles que contavam em fins de 2019 com R$ 237,18 tiveram de se virar com R$ 155,95 um ano depois.

Já os 10% mais ricos, mesmo com uma queda de 6,9% em seus rendimentos, a média variou de R$ 6.825,36 para R$ 6.355,74. Isso significa que os 10% com maior rendimento ganharam em média 39 vezes mais do que os mais pobres.