Os dados divulgados pelo Atlas da Violência nesta terça-feira (31) trouxeram um número assustador: 50.056 mulheres foram assassinadas no Brasil num período de dez anos, entre 2009 e 2019. O material é uma compilação de estatísticas produzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Ainda que os números indiquem uma redução de 18,4% nesse índice em comparação com o ano anterior, 14 estados apresentaram aumento de feminicídios no país, com destaque para a explosão de casos em Acre (+69,5%), Rio Grande do Norte (+54,9%), Ceará (+51,5%) e Amazonas (+51,4%).
O número de homicídios cuja vítima é uma mulher ocorridos fora de casa diminuiu 28,1%, se comparados com o da década passada, enquanto os assassinatos ocorridos dentro das residências aumentaram 6,1%, o que revela o crescimento dos casos de violência doméstica. A maioria das mulheres mortas no Brasil é negra: 77,1%.
Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirmou que o lugar onde ocorrem os homicídios é importante para que se possa determinar com clareza a dinâmicas de violência envolvida nos crimes.
“Está largamente documentado que os assassinatos de mulheres dentro de casa estão associados à violência doméstica. Os homicídios de mulheres fora de suas residências, por outro lado, em geral, estão associados a dinâmicas de violência urbana. O crescimento dos homicídios de mulheres dentro do próprio lar nos últimos 11 anos indica o recrudescimento da violência doméstica no período”, explicou.