A prisão de Janderson Edmilson Cavalcante, membro do PCC, no dia 9 de agosto, abriu uma nova frente de investigação sobre as atividades criminais que ocorrem dentro do garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami.
De acordo com a polícia de Roraima, membros da facção paulista estão atuando para traficar drogas, servir de segurança para os garimpeiros, ganhar dinheiro com maquinários e realizar assassinatos por encomenda.
Segundo o portal Amazônia Real, no dia 10 de maio ocorreram uma série de ataques armados e ações e violentas contra a aldeia Palimiú e outras comunidades Yanomami. Janderson é suspeito de ter participado do ataque ocorrido em maio.
Imagens obtidas pela polícia de Roraima mostram Janderson navegando pelo rio Uraricoera, que corta parte do Território Yanomami. Na gravação, um narrador diz: "Quem manda aqui é nos [sic]. Nós é a guerra, neguinho".
A investigação policial aponta que as imagens foram gravas antes do primeiro ataque armado à comunidade.
No dia 10 de maio, dois meninos Yanomami de 1 e 5 anos fugiram para escapar dos tiros e morreram afogados. No dia seguinte ao ataque, agentes do Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal, que foram à Palimiú também foram atacados a tiros.
Escondido na Venezuela
O chefe da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap), órgão subordinado ao Sistema Penitenciário da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania de Roraima, Roney Cruz, afirmou que Janderson era procurado desde 2013 e que ele passou alguns anos escondido na Venezuela.
O criminoso estava preso por tráfico de drogas e, de acordo com Cruz, foi nessa época, por volta de 2013, que o PCC começou a atuar em Roraima. Nesse mesmo tempo começaram a ocorrer fugas em massa da penitenciária que, inicialmente, era destinada apenas aos presos em regime semiaberto.
Após fugir, Janderson se envolveu em um roubo de 100 fuzis em um quartel do Exército da Venezuela, na Gran Sabana, região fronteiriça, em 2019. Após o roubo, ele retornou para o Brasil.
"Acreditamos que nessa época, para fugir da polícia da Venezuela, ele foi para os garimpos, para onde inclusive também foram levados alguns desses fuzis", disse Roney Cruz ao Amazônia Real.
A chegada do PCC no garimpo
"A questão do garimpo é muito complexa. Então existem questões de desavença, brigas entre eles mesmos e acontecem muitos crimes, roubos e homicídios. Para se ter ideia, levantamos que um foragido, também do PCC, que morreu em fevereiro deste ano em troca de tiros com a polícia tinha envolvimento com mais de 20 assassinatos no garimpo", revela Roney Cruz, chefe da Dicap.
O policial também afirmou que o garimpo se tornou um local atrativo para os criminosos pela possibilidade de se manterem escondidos da polícia. "Crimes em área de garimpo dificilmente estão sendo investigados, porque não há condições técnicas. É uma amplitude muito grande. A faixa de terra indígena e de atuação dos garimpeiros é muito grande, o que torna complexa a atuação da polícia", disse.
O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, afirmou que as comunidades indígenas estão cientes da presença do crime organizado e que vivem "com medo".
"As comunidades já sabem. Essa informação estourou, do crime organizado, e os Yanomami estão preocupados, com medo. A gente traduziu na radiofonia, conversando com as lideranças e ele ficaram com muito medo do crime organizado", revelou Kopenawa.
O líder indígena também conta que há meses os Yanomami relatam a presença de "homens estranhos".
"As lideranças fizeram uma denúncia do que ocorre em garimpos maiores como Tatuzão, Waikas e Parima. Eles contratam essas pessoas de segurança lá, entre eles. Eles têm maquinários, tem uns colegas que os chefes do garimpo contratam tipo como guarda-costas, para proteção entre eles. É um esquema deles. A gente não sabe como funciona a situação deles, mas esses grupos estão no meio dos garimpeiros locais da Terra Indígena Yanomami".
Com informações do site Amazônia Real.