André Lozano, advogado de defesa do entregador de aplicativos, Paulo Roberto da Silva Lima, o Paulo Galo, afirmou à Fórum que o ativista, preso nesta quarta-feira (28), não se arrepende de ter colocado fogo na estátua de Borba Gato.
“O ato foi capaz de provocar uma grande mobilização. O Paulo Galo está, sim, muito satisfeito com o resultado que isso teve, uma vez que, talvez, agora tenhamos, de fato, uma discussão séria sobre isso”, relata.
Lozano conta que Galo foi à delegacia, se apresentou espontaneamente e confirmou que participou da manifestação. “O objetivo dele, quando colocou fogo na estátua do Borba Gato, era trazer à tona uma discussão, junto à opinião pública e ao poder público”.
“O debate seria sobre a legitimidade de se homenagear pessoas que contribuíram para o genocídio da população indígenas, para a escravização dos negros. Uma pessoa conhecida por estuprar mulheres indígenas”, destaca o advogado.
Segundo Lozano, esta foi a motivação de Galo: provocar o debate. “Realmente, depois disso, houve essa mobilização, está ocorrendo essa discussão na sociedade”.
O advogado lembra, também, que a estátua de Borba Gato já foi alvo, outras vezes, de manifestações, “seja com tintas ou colocando caveiras ao lado dela. E, até o momento, não tinha ocorrido uma discussão tão grande como a que ocorreu agora”.
Lozano ressalta que, em nenhum momento, Galo quis apagar a história. “Ele deseja que essas estátuas saiam de locais públicos, que prestam homenagens como se essas pessoas fossem personalidades boas, que fizeram o bem, indo para museus, locais em que a história seja relembrada”.
Prisão temerária
O advogado do ativista sustenta que a juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, que decretou a prisão de Galo e de sua esposa, Gessica Barbosa, não agiu de forma correta, uma vez que ela tinha conhecimento que ele iria se apresentar ainda nesta quarta (28) à delegacia.
“Isso demonstra que ela agiu de forma temerária, uma vez que o objetivo da prisão temporária é garantir que as provas sejam colhidas de forma adequada. Quando o Galo se apresenta e, inclusive, autoriza espontaneamente a entrada em sua residência para busca e apreensão, mostra que ele não tem interesse nenhum em obstruir a Justiça”, aponta.
Em relação à esposa do ativista, o advogado diz que o único “crime” que ela cometeu foi emprestar seu nome para que o marido tivesse um celular. “Comprou um celular no nome dela, uma vez que o nome do Galo estava com restrições”.
“Mesmo assim, a prisão foi decretada, sem maiores elementos que demonstrassem que a Gessica, efetivamente, tenha participado desse ato, o que ela não fez. A questão é que, devido à repercussão que teve, eu acredito que essa juíza tentou dar uma resposta às autoridades públicas e acabou cometendo esse erro”, completa Lozano.