Roberto Romano morre de Covid-19 em São Paulo

O filósofo estava internado há mais de um mês

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O filósofo Roberto Romano, professor aposentado da Unicamp, morreu aos 75 anos nesta quinta-feira (22) em razão de complicações provocadas pela Covid-19. Desde o dia 11 de junho ele estava internado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor), em São Paulo.

O reitor da Unicamp, Antonio José Meirelles, publicou uma nota lamentando a partida do professor. "Nossa universidade lamenta profundamente o falecimento do Prof. Roberto Romano. Após enfrentar complicações em decorrência da Covid-19, ele se soma às tantas vítimas da pandemia em nosso país, decorrentes da pouca atenção que parte de nossas autoridades deram a esta tragédia que acomete o mundo", disse.

"Roberto Romano, um intelectual de primeira grandeza, sempre se caracterizou pela defesa do ensino público e das nossas instituições de fomento à ciência e tecnologia. Representou uma voz muito forte a favor da ética em nossas instituições e no desenvolvimento das relações humanas, uma ética baseada na busca da igualdade e da solidariedade", afirma o reitor.

Meirelles lembra que Romano se posicionou "com firmeza pelas políticas de inclusão em nossas universidades e pela justiça social em nosso país" e que tinha orgulho de tê-lo entre os membros da comunidade universitária. "Expressamos nossas condolências a seus familiares, amigos e colegas e nossa grande tristeza por esta perda", finaliza.

Entre as principais obras do autor estão "Brasil. Igreja contra o Estado", "Conservadorismo romântico: Origem do totalitarismo", "Razão de Estado e outros estados da razão" e "Moral e Ciência. A monstruosidade no século XVIII".

Bolsonaro e ditadura

Romano era ferrenho crítico do governo do presidente Jair Bolsonaro. "Foi um péssimo governo. Um governo que não prima pelo exemplo do respeito à Constituição, às leis e aos costumes éticos corretos", disse em entrevista ao jornalista Wellington Ramalhoso, do Uol, em 2019.

Durante a ditadura militar Roberto Romano foi preso e torturado no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e no Presídio Tiradentes. Integrante da Ordem Dominicana, ele foi preso mesmo sem ter ligação direta com aqueles que lutavam na Ação Libertadora Nacional.

Homenagens

Nas redes sociais, muitas homenagens foram feitas ao filósofo.

"Lamentamos profundamente a partida do filósofo Roberto Romano. Cabeça lúcida e democrata convicto. Atuamos juntos na Frente em Defesa do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia. Sua contundência fará falta no combate ao autoritarismo e negacionismo. Era uma luz nas trevas atuais", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

"A morte do filósofo Roberto Romano nos deixa um enorme vazio na luta pela democracia. Intelectual competente sempre atual na defesa das instituições da república. Minha homenagem", escreveu o deputado José Guimarães (PT-CE).

Com informações do G1, do IFCH da Unicamp e da Folha