O ginasta da seleção brasileira Arthur Nory voltou às redes, nesta terça-feira (20), para desabafar por ainda ser atacado por piadas racistas que fez com o colega e ex-amigo Ângelo Assumpção há cinco anos.
“É normal tanto xingamento, ódio e desejar o mal aqui no twitter?”, escreveu Nory.
A internet não perdoou e vários ataques foram novamente proferidos ao ginasta, que já se desculpou e se mostrou arrependido pelo ato inúmeras vezes.
Relembre o caso
Os ginastas Arthur Nory, Fellipe Arakawa e Henrique Flors, que aparecem em um vídeo (veja aqui) que circulou nas redes sociais em 2015 fazendo comentários de cunho racista sobre o também ginasta Angelo Assumpção, afirmaram que tudo se tratava de uma “brincadeira” em uma tentativa de se desculpar pelo episódio.
Na peça, publicada no snapshot de Nory, ele e Arakawa fazem comparações entre as cores branca e preta, em alusão a Assumpção. “Seu celular funciona? É branco! Se não funciona? É preto! Saquinho de supermercado? É branco! O de lixo? É preto!”, dizem ambos em coro. Ao ver que o colega fica evidentemente contrariado, prosseguem: “Agora vamos dar um abraço nele, que ficou muito chateado. Amigo! Vamos dar um abraço no Angelo. Nós te amamos!”. “Isso é uma falsidade. Te amamos um caralho!”, rebate Assumpção. A postagem teria resultado na exclusão da conta de Nory do snapchat.
Em setembro de 2020, Nory deu entrevista onde voltou a falar sobre o assunto. Ele contou ter iniciado um longo processo de desconstrução, onde estudou a fundo tópicos como racismo estrutural e racismo recreativo – termo cunhado pelo advogado Dr. Adilson José Moreira.
“Entendo que cometi um erro, um erro inaceitável, e fui atrás para entender o que é o racismo, o que é um racismo estrutural, o que é o racismo recreativo que é mascarado em piada”, diz.
Desempregado
Arthur Nory está em Tóquio, onde vai disputar as Olimípadas. Ângelo Assumpção, por sua vez, está em sua casa, desempregado há um ano e meio, após ter sido demitido do Pinheiros, clube paulistano onde treinava há 17 anos.
Angelo foi demitido do Pinheiros após procurar a cúpula do clube em três oportunidades e denunciar abusos psicológicos que ocorriam no local. Uma das ocorrências, segundo ele, foram piadas racistas e até a alegação de que as tranças que usava no cabelo estariam atrapalhando seu rendimento no esporte.
Depois da última denúncia, ele recebeu punição de 30 dias de afastamento por suposta indisciplina. Em seguida, foi demitido do clube a um mês do fim de seu contrato.
