Após perder o controle da Universal e da Record em Angola, Edir Macedo pode estar prestes a vivenciar a mesma experiência em outro país africano, desta vez na África do Sul.
De acordo com reportagem de Gilberto Nascimento, no The Intercept Brasil, bispos e pastores locais iniciaram um movimento de revolta contra a direção brasileira da igreja no início deste ano.
A direção brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus em África do Sul é acusada de lavagem de dinheiro, racismo e imposição de vasectomia aos pastores, semelhante ao que se deu em Angola.
Neste momento, as denúncias estão sendo encaminhadas à Comissão para a Promoção e Proteção dos Direitos das Comunidades Culturais, Religiosas e Linguísticas do governo da África do Sul.
Entre fevereiro e março, o órgão recebeu denúncias que também envolvem esterilização forçadas, humilhações, maus-tratos e até supostos rituais satânicos.
Os dissidentes da Universal sul-africana fundaram a Vision Trust Foundation. Esse movimento, que é similar ao que se deu em Angola, está sendo chamado de "A Reforma".
"Os atuais pastores e suas esposas estão se revoltando contra o racismo, as injustiças, a lavagem de dinheiro e os privilégios na igreja", disse ao Intercept Luthando Jumba, líder do movimento sul-africano.
"A Reforma vai ocorrer em todos os países. E é irreversível. Onde existe a Igreja Universal existem os mesmos problemas, como discriminação e a opressão. Há uma necessidade de se voltar à essência do Evangelho e do Cristianismo, e essa é a finalidade da Reforma. Houve um desvio daquilo que são os princípios basilares do Cristianismo e do próprio Evangelho de Jesus Cristo", declarou o bispo angolano Felner Batalha, porta-voz da Reforma.
É neste contexto que surge a nomeação de Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, para ser o embaixador do Brasil na África do Sul. Especula-se que o objetivo do presidente Bolsonaro é colocar o ex-prefeito do Rio de Janeiro no país para tentar acalmar os ânimos e conter “A Reforma”.
Todavia, Crivella não pode sair do Brasil, pois foi preso em dezembro do ano passado acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
Em fevereiro deste ano a sua prisão foi revogada, mas o seu passaporte foi apreendido e o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu Crivella de deixar o país.