Depoimentos dos familiares dos jovens executados pela PM, na última quarta-feira (9), na região de Santo Amaro, zona sul de São Paulo, indicam que os dois eram trabalhadores e não tinham antecedentes criminais. Felipe, que tinha 27 perfurações de bala, era motoboy do Ifood e Vinícius, que tinha 23 perfurações, era monitor em perua escolar de transporte.
Os familiares disseram ainda estarem surpresos com a participação deles em um roubo. Eles também afirmaram que, em momento algum os rapazes tiveram armas, nunca andaram armados. A esposa do Felipe disse que recebeu telefonema onde ele pede pra que ela cuide da filha, pois ele poderia ser morto por policiais.
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Com base no depoimento dos familiares, a Corregedoria manteve, em audiência de custódia nesta terça-feira (15), a prisão dos policias envolvidos. Ainda foi solicitada a prisão de um terceiro policial que teria participado da ação.
Até o momento não existe comprovação de que ocorreu confronto. Não foram efetuados disparos de dentro pra fora do veículo. Os únicos tiros foram efetuados de fora pra dentro. Até mesmo o depoimento dos próprios policiais não confirma situação de confronto.
De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e segurança pública pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e membro do Grupo Tortura Nunca Mais, apenas essas informações já indicam um fuzilamento.
“Os jovens foram fuzilados! O papel dos PMs nesse caso deveria ser de aborda-los e prende-los e não os executar sumariamente e a queima roupa. Não existe pena de morte na legislação brasileira”, afirmou.
Ariel completou ainda: “hoje, os PMs fazem isso com supostos criminosos, amanhã podem fazer com qualquer um de nós, e depois inventarem um confronto inexistente”.