O Rio de Janeiro vive mais um dia de terror nesta quinta-feira (6). Uma operação com 200 policiais civis que teve início às 5h50 na favela do Jacarézinho, na zona norte do Rio de Janeiro, já deixa ao menos 25 mortos na cidade e está sendo classificada como uma das maiores chacinas policiais que o estado já vivenciou. Diversas entidades e parlamentares se manifestaram sobre a situação, condenando a política de segurança do governo Cláudio Castro.
Até o momento, são 25 mortes confirmadas em razão da “Operação Exceptis” da Polícia Civil do Rio de Janeiro. É possível que este doloroso número aumente durante o dia. O nome da maioria das vítimas não foi revelado, apenas se sabe que uma delas era um policial, André Vargas, de 45 anos. A invasão dos policiais fez ainda com que duas pessoas que utilizavam o metrô fossem atingidas.
"Necropolítica! O que acontece no Jacarezinho hoje é terrorismo de Estado, é extermínio, é chacina comandada por Cláudio Castro. O governador tem as mãos sujas com o sangue das mais de 20 vítimas desse massacre! Recebemos na CDDHC denúncia de execução de pessoas já rendidas e feridas, deitadas ao chão. Iremos apurar com rigor as informações dessa chacina, e tomaremos as medidas possíveis para que o Governo do Estado cumpra a ADPF 635 e encerre sua política de terror nas favelas do RJ", disse a deputada estadual Dani Monteiro, presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Questionada pela Fórum, Monteiro afirmou que "o governador Claudio Castro deve ser responsabilizado por não ter paralisado essa operação quando já se noticiava na imprensa o derramamento de sangue e o número absurdo de vítimas"
"É necessário também que se levante se houve alguma orientação para execuções e de onde teria partido essa ordem. A contínua afronta da Secretaria de Segurança do Estado à decisão liminar obtida na ADPF 635, que determina a suspensão das operações na vigência das medidas de contenção da pandemia, precisa de esclarecimentos imediatos. E quem nos deve esses esclarecimentos é Cláudio Castro. A nós, cabe dizermos que não, essa não é a política de segurança pública que nos serve", afirma a deputada Dani Monteiro, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, que está acompanhando o caso e dando suporte às famílias", completou.
O defensor público Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Pacheco, afirmou que a entidade está no local acompanhando a situação. "A Defensoria Pública do Rio de Janeiro informa que está acompanhando com muita atenção os desdobramentos da operação policial que deixou 25 mortos na manhã desta quinta-feira (6), no Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Neste momento, a instituição está no local, por meio de sua Ouvidoria e do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, ouvindo os moradores e apurando as circunstâncias da operação, a fim de avaliar as medidas individuais e coletivas a serem adotadas", disse no Twitter.
O advogado Joel Luiz Costa, do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), e a Ordem dos Advogados do Brasil. também estão acompanhando a situação. Costa publicou vídeos em suas redes sociais mostrando a casas de moradores cobertas de sangue. Segundo relatos ouvidos por ele, policiais teriam invadido casas para assassinar cidadãos.
A deputada estadual Renata Souza afirmou que o morticínio de hoje pode se tornar "a maior chacina desde as Chacinas de Vigário Geral e do Complexo do Alemão". "Não há pena de morte no Brasil. A política de segurança deve buscar Justiça e não vingança", disse.
O Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro soltou uma nota condenando a operação e considerando Castro como responsável pelas mortes. "Repudiamos a guerra financiada pelo poder público, Repudiamos a criminalização do povo favelado. O Estado é responsável pelas mortes de mais inocentes do que podemos contar. O Estado é responsável pela Chacina da Favela do Jacarezinho. O Partido dos Trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro, orientará a sua bancada a criar uma comissão especial para que este caso seja acompanhado na Assembleia Legislativa", diz a nota assinada pelo coordenador do Setorial de DH do PT do Rio, Walmyr Junior, e pelo presidente estadual da legenda, João Maurício. O presidente da Alerj, deputado André Ceciliano, é filiado ao PT.
"Os helicópteros da polícia ainda rondam a comunidade, fazendo dos moradores da favela alvos de qualquer investida do caveirão voador. Estamos em meio a maior pandemia da história do Brasil e desde o início em março de 2020 são feitas denúncias das operações policiais nas favelas. Nada foi feito! As operações seguem deixando corpos negros e favelados tombados, alastrando o rastros de dor e sangue do povo periférico de nosso Estado", afirma ainda a nota do PT.
O deputado federal Alencar Braga pediu a prisão do governador: "O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e os oficiais responsáveis pelo massacre no Jacarezinho precisam ser presos IMEDIATAMENTE! Estamos testemunhando uma série de crimes cometidos pela polícia numa chacina que já supera o número de vítimas nos protestos da Colômbia!".
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, afirmou que "essas 25 PESSOAS ASSASSINADAS são o símbolo do nosso FRACASSO enquanto sociedade. "Até quando vamos insistir nisso? As políticas de segurança PODEM E PRECISAM urgentemente ser diferentes. Lançar os policiais numa guerra p/ matar ou morrer, como SEMPRE foi feito, é BARBÁRIE. [...] É INTOLERÁVEL, HEDIONDO E INACEITÁVEL que o necessário combate ao crime organizado justifique O MASSACRE NAS FAVELAS. NÃO! INOCENTES estão morrendo, POLICIAIS, que também vêm de FAMÍLIAS POBRES, estão morrendo em nome do quê???", disse.
Atualização às 17h
Confira alguns posicionamentos e imagens (FORTES) registradas pelo advogado Joel Luiz Costa: