Quando o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta depôs na CPI da Covid, afirmou que havia uma espécie de "ministério paralelo" que aconselhava o presidente Bolsonaro (sem partido) sobre quais medidas adotar no enfrentamento ao coronavírus. Mandetta também deu a entender que era esse o grupo responsável por ter convencido o mandatário sobre a “eficácia” do tratamento precoce com a cloroquina.
A existência de um "ministério paralelo" tem sido negada por todos os integrantes do governo federal. Porém, um vídeo divulgado pelo jornalista Samuel Pancher revela que o médico Luciano Dias Azevedo e a imunologista Nise Yamaguchi, ambos defensores do uso da cloroquina para tratamento precoce contra a Covid-19, estiveram com o presidente Bolsonaro no dia 6 março de 2020, e tentaram convencer Mandetta a assinar um protocolo que autorizasse o uso da cloroquina. Em coletiva realizada na mesma data, o ex-ministro tornou isso e público e afirmou que tinha se recusado. Ele foi demitido dois dias depois.
O vídeo também revela conversas do médico Luciano Azevedo com Eduardo Bolsonaro (Republicanos-SP) onde ele agradece ao deputado por apoiá-lo nos estudos sobre a Cloroquina. Um ano depois, com despesas pagas pelo Ministério da Saúde, Azevedo esteve em Manaus (AM) para defender o uso da cloroquina em tratamento precoce contra a Covid-19. No vídeo, o médico aparece explicando a sua presença na capital amazonense, que entraria em colapso dois dias depois.
"Hoje, 12 de janeiro de 2021, estou na beira do Rio Negro. E vim pra cá, nessa força-tarefa, no intuito de ser uma cabeça a mais pra pensar, pra ajudar, pra dividir conhecimento, pra botar a mão na massa, pra achar uma solução para o que está acontecendo aqui. Os pacientes estão se agravando, estão procurando leito e não tem. A chave, a solução está no tratamento precoce: hidroxicoloroquina, ivermectina, nós temos um monte de remédio para ajudar essas pessoas a não precisarem de um leito de internação", disse Luciano Azevedo dois dias antes do colapso em Manaus.