Helder Nascimento, de 31, morreu no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, no litoral de São Paulo, mas a família só descobriu por acaso uma semana depois.
Verônica Nascimento, de 47 anos, mãe de Helder, diz que o filho estava preso há nove meses. Ao notar que o 'kit higiênico' que ela enviava toda semana havia retornado, acabou descobrindo que o filho morreu por conta de uma intoxicação e foi enterrado como indigente.
"Eu preciso de ajuda. Foi tudo erro deles. Está péssimo. Eu precisava de um enterro digno para o meu filho. Não comentaram nada, mas meu filho tem uma família, não era um animal. Todo mundo amava ele", afirmou a mãe.
Helder e a mãe conversavam apenas por cartas por causa da pandemia. Ao notar que o pacote enviado havia retornado, ela acionou um advogado que descobriu que o rapaz havia passado mal e tinha sido encaminhado a um hospital, onde morreu.
A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que, no dia da morte, a assistência social tentou entrar em contato com os familiares, mas sem sucesso. O órgão comunica ainda que um procedimento está investigando possíveis falhas de comunicação entre a unidade e os familiares.
O advogado da família, Victor Nagib Aguiar obteve o boletim de ocorrência e busca outros documentos, a fim de acompanhar a investigação da Polícia Civil. Ele informa que não acompanhou a denúncia feita na OAB, realizada pela mãe da vítima.
"Vamos ingressar nesse inquérito policial para ajudar nas investigações, para chegar o quanto antes ao motivo. Vamos promover um histórico fático do que aconteceu a partir do dia 27 até o dia em que ele foi enterrado, sendo que, em nenhum desses dias, houve comunicação à família. Queremos saber por que isso não aconteceu, e correr atrás da responsabilidade estatal. Houve uma sequência de falhas. Vamos tentar juntar toda a documentação para, então, entrar com as medidas legais", explica.
OAB
O presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários de São Vicente, Rui Elizeu de Matos Pereira, informou ao G1 que a mãe procurou a Ordem dos Advogados do Brasil para pedir ajuda. Ele informa que, além da comissão que preside, a responsável pela Comissão de Direitos Humanos também ouviu Verônica.
"Já estamos apurando, após ela procurar ajuda da OAB e denunciar diretamente. Pretendemos encaminhar a denúncia ao Ministério Público", explica Rui.
Com informações do G1 e do jornal A Tribuna