Dionésia Pereira Barros, mãe de Bruno Barros e avó de Yan Barros, participou de protesto na sexta-feira (30) contra a morte dos dois jovens. Bruno e Yan foram entregues a traficantes de Salvador (BA) após terem furtado alimentos no supermercado Atakadão Atakarejo.
“Matar meu filho, o que foi que meu filho fez? Meu filho morreu com fome porque não teve coragem de me pedir comida, ele não morava comigo, não. As meninas estão aí de testemunha. 'Tia, estou com fome'. 'Vai pedir a sua mãe'. Porque ele não era de comer assim, sabe?", disse Dionésia, emocionada, durante o protesto.
Os corpos do tio e do sobrinho foram encontrados pela Polícia Civil na segunda-feira (26). Testemunha ouvida pela polícia afirmou que eles foram torturados dentro do mercado e, depois, levados para traficantes do Comando da Paz (CP).
"Eu estava no momento que o 'prevenção' [segurança] e o gerente acusou [sic] os dois rapazes de ter furtado dentro da loja, essa situação toda dentro da loja, e foi muito triste, muito feio porque já que pegaram os dois, pegaram o que ele disse que roubou, era para ligar para a polícia, né", disse a testemunha.
"Eles levaram [tio e sobrinho] para uma parte que é restrita deles [mercado], só de funcionários, e aí eu ouvi muitos gritos, eu ouvi muitos gritos, como se estivessem agredindo os dois rapazes. Muito, muito, muito mesmo", completou.
Bruno chegou a enviar um áudio para pessoas próximas pedindo R$ 700 emprestados para serem "soltos" pelos seguranças.
Movimentos sociais e parlamentares pedem a apuração do crime. “Mais um extermínio, mais duas vidas negras brutalmente ceifadas pela ganância capitalista. Tortura e crueldade desumana por um pedaço de carne. A rede de supermercado tem responsabilidade e exigimos que o crime bárbaro seja elucidado”, afirmou a Unegro Bahia, em nota.