Os advogados da viúva de Beto Freitas, homem negro assassinado na véspera do dia da Consciência Negra em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre, divulgaram uma carta pública criticando o valor oferecido pelo supermercado como indenização pelo ocorrido.
A oferta foi de R$ 1 milhão, segundo a defesa de Milena Alves. Os advogados afirmam que o valor foi o mesmo pago pelo Carrefour à sociedade, através de repasses a instituições que atuam na causa animal, na ocasião em que o cachorro vira-lata "Machinha" foi morto por um segurança de uma das unidades da loja em São Paulo.
"A vida de um homem está sendo igualada e nivelada pelos mesmos balizadores que a vida de um cachorro. Todas as mortes merecem respeito, mas não se pode tratar de forma igualitária a morte entre humanos e animais, mesmo que ambas tenham acontecido por puro preconceito. Será que se o “Manchinha” fosse um Poodle enfeitado e o Beto um loiro de olhos azuis, ambos ainda não estariam vivos aqui entre nós?", questionou a defesa.
Beto foi asfixiado por 4 minutos, após a sessão de tortura e agressão dos dois seguranças. Durante a agressão, dezenas de pessoas passaram pelo local e não intervieram. Uma das testemunhas da morte dele foi a fiscal da unidade, Adriana Alves Dutra, que aparece em vídeo intimidando testemunhas que filmavam a agressão.
O Carrefour afirmou à coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, que o valor oferecido a Milena é maior do que R$ 1 milhão, mas não deu detalhes. A empresa disse ainda que, no processo da morte do cachorro Manchinha, a indenização paga foi por danos morais coletivos, enquanto à Milena, é uma ação individual.
O Carrefour informou também que já foram pagos mais de R$ 3 milhões a nove parentes de Beto Freitas.