Débora Mello Saraiva, de 34 anos, estudante, ex-namorada e ex-amante do vereador Dr. Jairinho (sem partido), relatou que, no passado, foi agredida e teve seu filho torturado pelo parlamentar. O vereador chegou a colocar papel e pano na boca do menino.
As afirmações foram feitas durante entrevista ao programa “Cidade Alerta”, da TV Record, nesta quinta-feira (15). Ela será ouvida novamente, em depoimento, na 16ª DP, na Barra da Tijuca, no inquérito que investiga a morte do enteado de Jairinho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos.
“Eu não disse (na delegacia) que era agredida. Preferi não dizer para me proteger. Apesar de estar aliviada por ter falado eu sei que posso contribuir falando isso. Mas continuo sentido medo, não sei o que pode acontecer e o que ele pode fazer. Ele é influente, eu tenho medo. Eu não aguentava mais segurar isso, todo mundo falando, me procurando. Fiquei pensando, daqui a pouco vão falar que eu fui omissa, como estão falando da Monique. Eu nunca deixei de proteger meus filhos”, contou Débora.
Ela relatou que, às 11h46 do dia 8 de março - seis horas e quatro minutos depois de atestada a morte de Henry - eles conversaram “como se nada tivesse acontecido”. Em depoimento, ela afirmou que o parlamentar lhe enviou mensagens para saber sobre o resultado de seu antibiograma, um exame laboratorial que a ex-namorada realizaria.
Débora voltou a manter contato com Jairinho depois de ser intimada para depor. Ela telefonou para a irmã de Jairinho e ele acabou retornando a ligação.
Segundo ela, o vereador a orientou a “ficar tranquila”, pois somente teria que relatar como fora o relacionamento dos dois e se ele era agressivo. Ela reiterou que ele continuou sem falar sobre o falecimento do enteado e como “se sentia”.
Várias agressões
Na entrevista, Débora afirmou que foi agredida “várias vezes” ao longo dos anos em que ficaram juntos. No primeiro depoimento, ela negou qualquer violência. “Ele me agrediu várias vezes. Quando ele viu que eu tinha mexido no celular dele e falou que ia sumir comigo e jogar a bolsa em algum lugar que tinha sido um assalto e ia falar com a minha mãe. Ele veio no pescoço ficou em cima de mim. Ou eu brigava com ele porque não tinha força ou tentava falar. Eu falava que não conseguia respirar. Do nada ele mudou a cara falou: 'Vamos dormir’”.
“Nas outras ocasiões ele me deu um chute, quebrou meu dedo do pé ao meio. Em outra ocasião, ele tinha que olhar meu celular sempre. Ele ficou com raiva, me deu um ‘mata-leão’. Eu tentava fugir. Ele me puxou pelo pescoço. Eu caí pelo canteiro, foi me arrastando e me deu três mordidas na cabeça muito forte. No dia seguinte agiu como se nada tivesse acontecido”, garantiu.
A mulher disse, também, ter ficado com ele durante seis anos, entre idas e vindas. À época, o vereador era casado com a dentista Ana Carolina Ferreira Netto, mãe de dois dos seus três filhos. Ela teria terminado o relacionamento em outubro de 2020, após ficar sabendo, pelo Instagram, que ele estava com Monique. Eles voltaram a ter contato em dezembro.
Agressão
“O Enzo (filho dela) me contou esses dias que ele uma vez estava no apartamento e eles acordaram para beber água e ele tava acordado, o Jairinho estava acordado e ele pegou água para os dois, deu um para a Clara (filha dela, então com 6 anos) e ele falou: ‘Clara, vai dormir que eu vou cuidar dele’. A Clara ainda insistiu para ela levá-lo e ele falou assim: não pode ir e a Clara foi deitar. E nisso o Enzo falou que ele colocou ele deitado no sofá, colocou papel e um pano na boca dele e falou que ele não podia engolir o papel. E ficou em pé no sofá e pisou na barriga dele com todo o peso dele. Aí eu falei: ‘mas ele tirou o pé?’ Ele falou que sim, que botou todo peso”.
Perguntada sobre quem é Jairinho, ela respondeu: “É uma pessoa mentirosa, agressiva, uma pessoa ruim, uma pessoa falsa. Me fez muito mal, perdi seis anos da minha vida. Acho que ele tem que pagar por tudo o que ele fez. Se ele me agredia e fez essas coisas com meu filho ele é capaz de fazer com Henry também. Ele vai para cima e não mede o quanto está machucando, até onde pode chegar. E do nada ele para”.
Com informações de O Globo