Bolsonaristas saíram às ruas em algumas cidades brasileiras, incluindo Brasília (DF), na manhã deste domingo (11), para reeditar a "Marcha da Família com deus pela Liberdade", que acabou dando respaldo aos militares para o golpe de março de 1964.
Chamado de “Marcha da Família Cristã pela Liberdade”, o movimento deste domingo prega a abertura de templos religiosos em pleno pico da pandemia no país, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir os cultos presenciais, e sai em defesa do presidente Jair Bolsonaro e de suas críticas às medidas restritivas.
Com faixas, cartazes e bandeiras, os manifestantes acusaram prefeitos e governadores de implantarem uma "ditadura" com as medidas restritivas. Em meio a pregações e orações, eles também defenderam o "tratamento precoce" contra a Covid-19, prática que não tem eficácia contra a doença e que não é recomendada por especialistas. Em várias dessas manifestações, parte dos presentes não usava máscara de proteção.
Em Campinas (SP), o ato se deu em forma de carreata, que passou em frente à maternidade da cidade fazendo buzinaço. A vizinhança protestou contra os bolsonaristas batendo panelas nas janelas de seus apartamentos.
Confira.
Marcha da Família com Deus
O movimento surgiu em março de 1964 em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base.
A série de manifestações, ou “marchas”, organizadas principalmente por setores do clero e por entidades femininas congregou segmentos da classe média, temerosos do “perigo comunista” e favoráveis à deposição do presidente da República.
A primeira dessas manifestações ocorreu em São Paulo, a 19 de março, no dia de São José, padroeiro da família. O principal articulador da marcha foi o deputado Antônio Sílvio da Cunha Bueno, apoiado pelo governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor de Barros.
Organizada com o auxílio da Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), da União Cívica Feminina, da Fraterna Amizade Urbana e Rural, entre outras entidades, a marcha paulista, que contou com cerca de 300 mil pessoas, recebeu também o apoio da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Estavam presentes Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, e Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara.
Na ocasião, foi distribuído o Manifesto ao povo do Brasil, convocando a população a reagir contra Goulart.