A empresa Combat Armor Defense do Brasil, do norte-americano Daniel Beck, conhecido apoiador de Donald Trump, ganhou em dezembro uma licitação de R$ 11,7 milhões para blindar veículos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), subordinada ao Ministério da Justiça.
Segundo informações do Estado de S.Paulo, a contratação ocorreu por pregão eletrônico para transformações de viaturas da Superintendência da PFR do Rio de Janeiro.
Em dezembro do ano passado, a empresa também venceu outra licitação, desta vez do Ministério da Defesa, para a compra de uma caminhonete blindada no valor de R$ 273 mil.
A empresa se instalou no Brasil após a eleição de Jair Bolsonaro, em 2019. A sede da Combat Armor fica em Vinhedo, no interior de São Paulo, mas deve inaugurar uma nova unidade em Indaiatuba. Em seu site, a marca informa estar presente em 30 países.
Segundo fontes ouvidas pela Fórum, havia uma viagem programada do presidente Jair Bolsonaro para visitar a Combart Armor em Vinhedo. O mandatário, no entanto, decidiu adiar o encontro para participar da inauguração da nova unidade na cidade vizinha, que deve ocorrer nos próximos meses.
Adepto a teorias da conspiração, Daniel Beck endossou o discurso de Trump de que a eleição contra Joe Biden foi fraudada. No dia 5 de janeiro deste ano, inclusive, ele participou de reunião com outros aliados do ex-presidente americano no Trump International Hotel, em Washington.
Nas redes sociais, Daniel Beck chegou a postar um vídeo dizendo que havia se encontrado com Rudolph Giuliani, então advogado de Trump, e com Michael Lindell, CEO da empresa Mypillow, conselheiro de Trump. Lindell é próximo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que também estava em Washington naquele dia.
O encontro ocorreu na véspera da invasão ao Capitólio. Daniel Beck foi um dos participantes da marcha em Washington que terminou no ataque ao Congresso norte-americano.
Eduardo Bolsonaro
O advogado Seth Abramson, colunista do site de jornalismo investigativo Proof, dos Estados Unidos, publicou no sábado (6) um artigo que revela “a conexão obscura do Brasil com o conselho secreto de Trump” que se reuniu em 5 de janeiro para supostamente discutir a invasão ao Capitólio.
O texto aponta que Eduardo Bolsonaro pode ter participado da reunião, apelidada pela imprensa norte-americana de “conselho de guerra”.
Eduardo Bolsonaro chegou a publicar uma foto com Michael Lindell quando a invasão ao Congresso ainda não havia sido contornada. O próprio empresário afirmou em live na manhã do ataque ao Capitólio que esteve com “o filho do presidente do Brasil” na noite anterior.