"Único emprego que está tendo agora é em hospital e cemitério", diz engenheiro que virou coveiro

Desempregado e com as contas atrasadas, Bruno de Lima aproveitou uma das vagas de sepultador abertas em caráter emergencial pela prefeitura durante a pandemia

Cemitério da Saudade (Reprodução)
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Formado em engenharia mecatrônica, Bruno de Lima, de 26 anos, trabalha há um ano como coveiro no Cemitério da Saudade, na zona leste de São Paulo. Com as contas atrasadas e sem visualizar oportunidades em sua área, ele resolveu aproveitar uma das vagas para sepultador abertas em caráter emergencial pela prefeitura durante a pandemia do coronavírus.

"Ninguém sonha em ser coveiro, né? Me formei em engenharia mecatrônica, já tinha feito o técnico, já tinha experiência na área. Mas o único emprego que está tendo agora é em hospital e cemitério", conta Bruno, em entrevista ao UOL.

"Um colega meu falou: 'Quer trabalhar de coveiro?'. Falei: 'Você está brincando?'. Ele falou: 'Estou falando sério, você quer?'. Aí eu estava desempregado, as contas atrasando, falei: 'Vou ver o que acontece'", completa.

A cena contrasta com o que o país viveu durante o governo Lula e Dilma. Em 2013, durante o primeiro mandato da ex-presidenta, faltavam nas prefeituras engenheiros para trabalhar na elaboração de projetos, o que impedia o repasse de recursos da União. Segundo a revista Exame, a petista considerava criar um programa de "importação" desses profissionais, como o Mais Médicos.

Velórios e pandemia

Apenas no último domingo (21), oito pessoas vítimas da Covid-19 foram enterradas no Cemitério da Saudade, além de sete no sábado e cinco na sexta-feira. Uma delas era um rapaz de 20 anos. Como parte do protocolo da pandemia, no entanto, os mortos da doença não são velados.

Para os outros mortos, os velórios estão limitados em uma hora e máximo de dez pessoas.