Artista plástica denuncia ter sofrido racismo em loja nos Jardins, em SP

"Não importa quem você seja, ou o quanto você ascenda financeiramente, em algum momento o racismo vai te colocar em situações onde a cor da sua pele vai ser alvo de violências", desabafou Tainá

Foto: Reprodução/Instagram/@criola__
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A artista plástica Tainá Lima, que assina diversos murais em prédios, incluindo um em Los Angeles, nos Estados Unidos, relatou ter sofrido racismo em uma loja da Papel Craft nos Jardins, bairro de São Paulo.

Em postagem no Instagram, ela contou que foi comprar um papel de presente na loja. Ao perguntar sobre uma embalagem que havia gostado, a vendedora questionou o que ela iria embrulhar. Enquanto retirava da bolsa os presentes, apareceu um segurança afirmando que ela teria que sair da loja imediatamente porque não poderia vender nada dentro dela.

"Segundos que duraram eternidade. Respondi que eu não estava vendendo nada e perguntei porque ele veio perguntar isso logo para mim e não para as outras pessoas brancas dentro da loja. Sim, eu era a única negra. Eu e o segurança. Eles treinam os nossos contra a gente mesmo. E os nossos nem sabem muitas vezes o que estão fazendo. Triste!", disse Tainá.

A artista afirmou, ainda, que evita mexer na bolsa quando entra em lojas, uma realidade que é "coletiva entre as pessoas pretes". "Só nós sabemos o quão desconfortável é entrar em lojas e se sentir observado como se fôssemos cometer um crime, e se sentir medido da cabeça aos pés", desabafou.

"Não importa quem você seja, ou o quanto você ascenda financeiramente, ou os impostos que você pague, em algum momento o racismo vai te colocar em situações onde a cor da sua pele vai ser alvo de violências", continuou.

Segundo Tainá, a vendedora chegou a pedir desculpas para o segurança, que depois também foi se desculpar com a artista. "Desculpas não apagam a situação deselegante e criminosa que vivi dentro da loja. Espero que essa situação não se repita novamente com nenhuma pessoa prete", escreveu.?

"E exijo que treinem esse segurança @papelcraft. Porque ele faz o que é instruído para fazer. Assim como a polícia, o segurança é o capitão do mato contemporâneo. Independente de ser uma pessoa preta vendendo algo ou não é INADMISSÍVEL que esse seja o tipo de tratamento em situações como essa. Racismo é crime!", finalizou.

Em uma nota divulgada por uma rede social, a loja informou que o segurança envolvido na ação não “possui vínculo com a Papel Craft, e trabalha somente como segurança do quarteirão, tampouco compactuamos com a sua conduta. Ficamos surpresos com a ação, pois o funcionário não tinha autorização da Papel Craft para entrar na loja e nem para fazer nenhum tipo de abordagem”.

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