Minutos depois de ser aprovado pelo plenário do Senado para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), onde deu várias declarações moderadas em defesa da laicidade do Judiciário, o recém-nomeado ministro André Mendonça, um evangélico radical apadrinhado de Jair Bolsonaro, já fez um discurso de forte teor religioso.
“Um passo para o homem, mas um salto para os evangélicos. Uma responsabilidade muito grande, uma nação de 40% dessa população que hoje é representada no Supremo Tribunal Federal”, declarou o ex-advogado-geral da União, um dos mais fundamentalistas pentecostais integrantes do governo extremista de Bolsonaro.
André Mendonça aproveitou para falar de sua resiliência na disputa pela toga mais poderosa da República e ainda cutucou os senadores que se opunham ao seu nome, como Davi Alcolumbre (DEM-AP), que tentou de várias formas não levar o nome do radical evangélico a votação.
“Foi um processo longo, difícil, mas de muito aprendizado. É uma demonstração que podemos vencer com humildade e esforço. Numa história tão difícil, de tantas caminhadas por este Senado, podemos vencer com integridade, mesmo quando muita gente, e até muita gente poderosa, não acredita na gente”, desabafou o mais novo integrante do STF.
Aprovação pelo Senado
A aprovação do nome de André Mendonça para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) foi confirmada pelo Plenário do Senado, nesta quarta-feira (1). O placar da votação foi 47 a favor e 32 contra.
O “terrivelmente evangélico” Mendonça, de 48 anos, já tinha sido aprovado mais cedo pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O placar na CCJ foi 18 sim, 9 não, nenhuma abstenção, em um total de 27 senadores que votaram.
O ex-titular da pasta da Justiça foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) e vai ocupar a vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposentou da Corte. Para se tornar ministro, Mendonça precisava ser aprovado pelo Plenário do Senado, o que acabou ocorrendo.
Durante a sabatina, o advogado minimizou o fato de ter recorrido à Lei de Segurança Nacional (LSN) para prejudicar servidores que se colocam como “antifascistas”, contrários às políticas do governo federal.