Dois funcionários de alto escalão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pediram demissão do órgão a apenas 16 dias do início da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorrerá em 21 e 28 de novembro.
Eduardo Carvalho Sousa, coordenador-geral de Exames para Certificação, e Hélio Junior Rocha Morais, coordenador-geral de Logística da Aplicação do Enem e fiscal de contratos da prova, deixaram seus cargos e a versão que circula nos bastidores políticos de Brasília é que a decisão foi tomada em protesto ao comportamento do presidente do Inep, Danilo Dupas, acusado por servidores de assédio moral.
De acordo com denúncias reiteradas dos funcionários do órgão que é responsável pelo Enem e pelo Enade, Dupas, que é diretamente subordinado ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, conhecido por sua cruzada ideológica fundamentalista evangélica, implantou um verdadeiro clima de terror e caos no Inep, comprometendo inclusive a realização do exame neste ano.
Na mais recente denúncia, Dupas teria se recusado a compor um órgão que é responsável pelo gerenciamento de risco do Enem, denominado Equipe de Incidentes e Respostas, que tradicionalmente é coordenado pelo presidente da Inep.
Servidores falam sobre casos de sobrecarrega de jornada, condições precárias de trabalho, desmanche de diretorias e desprezo total e aberto por aspectos técnicos de provas como o Enem e o Enade, sempre adotados em nome do bolsonarismo, como já ocorre em outras pastas e organizações da administração pública federal.
A Associação de Servidores do Inep (Assinep) realizou uma manifestação na tarde da última quinta-feira (5), na porta do órgão, em Brasília, para exigir mudanças na forma como a instituição vem sendo dirigida. A entidade de classe divulgou um nota sobre o protesto e a situação vivida pelos servidores.
"Para além de problemas estruturais que foram negligenciados ao longo da atual gestão do Inep, os servidores denunciam o assédio moral, o desmonte nas diretorias, a sobrecarga de trabalho e de funções e a desconsideração dos aspectos técnicos para a tomada de decisão", denunciou o texto.
"Alertamos, por fim, quanto ao risco da permanência de Danilo Dupas na presidência do Inep, por ter uma gestão caracterizada por afugentar e oprimir pessoas, o que gera vulnerabilidades aos exames, avaliações, censos e estudos", encerrou a carta.