O presidente Jair Bolsonaro fez críticas desrespeitosas à jovem militante indígena Txai Suruí, que fez um discurso na abertura da COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, em Glasgow, na Escócia.
O evento, que reuniu reuniu diversos líderes como o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não contou com a presença de Bolsonaro, que optou por fazer turismo na Itália ao invés de participar do encontro.
Apesar de não ter citado o nome de Suruí, a referência ficou evidente. Segundo o presidente, a jovem foi ao evento "atacar o Brasil". Ele também comparou a militante ao cacique caiapó Raoni Metuktire, um dos líderes indígenas brasileiros mais reconhecidos no exterior.
Em 2019, ao participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente citou Raoni ao falar que indígenas "são usados como peça de manobra por governos estrangeiros".
"Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o [cacique] Raoni, para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém viu o norte-americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia? É só aqui", queixou-se Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
Ativista foi ameaçada após discurso
Apesar do discurso da ativista indígena Txai Suruí ter sido bastante elogiado, ela revelou que foi ameaçada por brasileiros por causa de sua fala.
“Depois do meu discurso, fui dar algumas entrevistas, muitas pessoas queriam falar comigo, e uma parte brasileira ficou me intimidando. Ele chegou depois em um momento e falou ‘não fala mal do Brasil’, porque a gente está aqui para ajudar’. Me senti muito intimidada e não foi muito leal”, disse Suruí.
A ativista revelou que não conseguiu identificar a pessoa que a ameaçou. “Foi bem desconfortável. O Brasil, que é um dos países que sempre tiveram no centro dessa discussão, sempre um dos países mais importantes, não tem os seus representantes aqui, do governo”, criticou.