Nesta quarta-feira (17), o menino Miguel Otávio Santana da Silva faria 7 anos de idade. A criança morreu em junho de 2020 num caso permeado de racismo que chocou o país e, no dia em que seria seu aniversário, sua mãe, Mirtes Renata, faz nova mobilização por justiça.
"Infelizmente, eu não vou ter meu filho aqui comigo para comemorar essa data. A única forma que eu vou comemorar essa data é indo ao cemitério e levando um buquê de flores para ele, porque ele gostava muito de flores, de me dar flores. Essa vai ser uma forma de homenagear o meu neguinho, de dar um presente a ele", escreveu Mirtes em postagem no Instagram.
"Os dias estão sendo muito difíceis e preciso da ajuda de vocês para fazer com que o Caso Miguel não caia no esquecimento. Ainda mais nessa semana do aniversário dele e do Dia da Consciência Negra. Precisamos chamar a atenção e gritar juntos e juntas por #JustiçaPorMiguel!", prosseguiu a mãe.
O caso
Mirtes Renata Santana trabalhava como empregada doméstica na casa da ex-primeira-dama de Tamandaré (PE), Sarí Corte Real, em um apartamento em prédio de luxo no Recife (PE). Na ocasião da morte do menino, Mirtes tinha saído do apartamento para passear com os cachorros da patroa, que ficou responsável por cuidar de Miguel. Imagens de câmeras de segurança mostram Sarí apertando um botão do elevador para que a criança subisse sozinha ao 9º andar, de onde caiu e morreu no dia 2 de junho de 2020.
A ex-primeira-dama, que é ré por abandono de incapaz, chegou a ser detida, mas foi liberada logo na sequência após pagar fiança no valor de R$20 mil e responde em liberdade. 1 ano depois, o caso segue sendo investigado e Sarí nunca chegou a ser presa de fato.
#JustiçaPorMiguel
Mais de 1 ano após o ocorrido, as investigações sobre o caso pouco têm avançado e, por isso, Mirtes Renata, como o apoio da plataforma Change e da Articulação Negra por Direitos, têm encapado uma intensa mobilização por justiça e celeridade nas apurações.
O Ministério Público de Pernambuco denunciou Sari Corte pelo delito de abandono e a denúncia foi recebida. Depois de meses de lentidão para a realização de atos simples como a citação da ré e de seus advogados, foi agendada audiência de instrução para o dia 3 de dezembro.
Para que o caso não caia em esquecimento e com o intuito de pressionar as autoridades a darem um desfecho nas investigações, está sendo realizada uma mobilização nas redes sociais, nesta quarta-feira (17), dia em que seria o aniversário da criança, com a hashtag #JustiçaPorMiguel.
Além disso, um abaixo-assinado digital hospedado na plataforma Change que clama por justiça com relação ao caso já reúne quase 3 milhões de assinaturas.
"O sucesso da audiência de instrução depende ainda da intimação, em tempo hábil, de todas as testemunhas indicadas pela defesa e pela acusação. São quase 20 pessoas que precisam ser formalmente notificadas do ato processual, sob pena de adiamento. É fundamental manter a vigilância em relação aos trabalhos de gestão processual, para que não haja embaraços ou nulidades que dificultem a conclusão da fase instrutória. A vida de Miguel importa e vale muito mais que R$ 20 mil, valor que foi pago por Sari Gaspar de fiança para responder ao processo em liberdade. Cobramos por justiça e para que a responsável pague pelo crime", diz uma parte do texto do abaixo-assinado.
Para ler a íntegra ou assinar a petição, clique aqui.
Repercussão do aniversário de Miguel nas redes sociais