O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou, em publicação no Twitter nesta terça-feira (16), que é ilegal a declaração de Jair Bolsonaro (Sem Partido) de que as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começam “a ter agora a cara do governo”.
Segundo ele, que é professor Doutor, as universidades que adotam a prova podem, inclusive, questionar os itens que confrontam a pesquisa e a ciência.
"Um Enem com a 'cara do governo' é simplesmente ilegal. As universidades que adotam o exame podem inclusive questionar os itens que confrontam a pesquisa e a ciência. Não foi fácil construir a credibilidade acadêmica do Enem. Tomara que seja blefe. A conferir", escreveu Haddad.
Interferência no Enem
O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) sinalizou nesta segunda-feira (15), em viagem a Dubai, interferência no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo ele, as questões começam “a ter agora a cara do governo”.
“O que eu considero muito também: começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem”, disse. “Ninguém precisa ficar preocupado. Aquelas questões absurdas do passado, que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente, algo voltado para o aprendizado.”
Bolsonaro se refere a questões políticas e voltadas ao pensamento crítico o que, de acordo com o seu governo, teriam “cunho ideológico”, como o uso do termo ditadura em vez de regime militar.
A fala aconteceu após um desligamento em série de 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) após pedido de exoneração do coordenador-geral de exames para certificação, Eduardo Carvalho Sousa, e do coordenador-geral de logística da aplicação, Hélio Junior Rocha Morais.
Servidores do órgão responsável pelo exame afirmaram em reportagem ao Fantástico que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem 2021 para que evitassem escolher questões polêmicas que eventualmente incomodariam o governo Bolsonaro.
Segundo eles, houve tentativas de interferência no conteúdo das provas, situações de intimidação e despreparo do presidente do órgão, Danilo Dupas.