O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse numa entrevista nesta sexta-feira (8), em Teresina (PI), que é “absolutamente contrário” ao uso obrigatório de máscaras e ao passaporte sanitário, medida que exigiria dos cidadãos um comprovante de que foram vacinados para realizar tarefas que envolvam aglomerações, sobretudo de lazer.
"Sou absolutamente contrário (à obrigatoriedade do uso de máscara e passaporte de vacinação). O governo federal defende primeiro dignidade da pessoa humana, a vida, a liberdade. Eu acho que uma lei para obrigar qualquer coisa é um absurdo, porque não funciona. Temos que fazer as pessoas aderirem às recomendações sanitárias", argumento o ministro, usando a velha desculpa da “liberdade”, tão alardeada por Jair Bolsonaro e seus seguidores.
A fala ocorreu durante uma visita às obras da Nova Maternidade de Teresina e ao Hospital Universitário da UFPI, justamente no dia em que o Brasil atingiu a triste marca de 600 mil mortes pela Covid-19, o que coloca o país como o 2° do mundo com mais óbitos e o que permanece perdendo mais vidas diariamente no planeta.
O posicionamento contrário às medidas sanitárias de Queiroga vai contra a orientação do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), que se manifestou nesta sexta mais uma vez pela manutenção da obrigatoriedade no uso de máscaras, do passaporte sanitário e pela ampliação da campanha de vacinação, para que ela atinja o maior número possível de brasileiros.
"É preciso que estejamos atentos às experiências frustrantes de alguns países que, acreditando ter superado os riscos, suspenderam a obrigatoriedade do uso de máscaras, afrouxaram as medidas de prevenção e, por isso mesmo, tiveram recrudescimento importante do número de casos e de óbitos, obrigando-os a retroceder", argumenta a nota da entidade.
"Diante das notícias veiculadas recentemente pelos meios de comunicação acerca de iniciativas que pretendem relativizar o uso obrigatório de máscaras, que integra o rol de medidas não farmacológicas de proteção contra a Covid-19, sente-se no dever de apelar a todos os gestores do Sistema Único de Saúde para que mantenham seu uso de caráter obrigatório, nos moldes atuais, como estratégia indispensável ao sucesso de nossos esforços contra a pandemia", diz ainda o texto assinado por Carlos Lula, presidente do Conass.