O senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) disse, momentos antes da votação do relatório final da CPI do Genocídio, que "todas as vacinas foram responsabilidade do governo federal", chefiado por seu pai.
A fala do parlamentar só não citou as tentativas insistentes do clã ao qual pertence e de correligionários da família de atrapalhar e vetar a imunização no Brasil. O governo federal ignorou 101 e-mails da farmacêutica norte-americana Pfizer, que tentava a todo custo vender milhões de doses de sua vacina para o país no ápice das mortes pela doença provocada pelo Sars-Cov-2.
Também não foi dito por Flávio Bolsonaro que o governo liderado por seu pai tentou boicotar de todas as formas a utilização da CoronaVac, imunizante criado pela chinesa Sinovac, trazido ao Brasil pelo governador paulista João Doria, numa parceria com o Instituto Butantan. O produto foi apelidado de “vachina” por Bolsonaro, que diariamente falava mal do imunizante e estimulava a população a rejeitá-lo. Após ver suas tentativas de boicote irem por água abaixo, o governo federal reivindicou os vários lotes com milhões de doses do produto chinês para incorporá-lo ao Plano Nacional de Imunização (PNI).
Um dos últimos episódios envolvendo o presidente da República em sua cruzada contra a imunização dos brasileiros ocorreu na última quinta-feira (21), quando Jair Bolsonaro disse, durante sua habitual live semanal, que aqueles que se vacinaram com as duas doses contra a Covid-19 estavam desenvolvendo Aids, a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, provocada pelo vírus HIV, transmissível por relações sexuais e transfusões de sangue. A fala, bizarra, gerou forte repercussão no Brasil e no mundo e foi repudiada por autoridades públicas e científicas.