"Não vou montar 1.500 leitos de UTI nunca em Manaus", diz Pazuello ao defender transferência de pacientes

Ministro da Saúde diz que transferência de 1.500 pacientes do Amazonas para outros estados é a única solução para o colapso de saúde que vive a região; ele é alvo de inquérito no STF por suposta omissão

Foto: Caio de Biasi/MS
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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta sexta-feira (29) que a única solução para o colapso hospitalar que vive o Amazonas seria transferir 1.500 pacientes com Covid-19 para outros estados.

O estado e a capital, Manaus, estão há semanas com hospitais superlotados e falta de equipamentos e insumos, como oxigênio, o que tem ocasionado a morte de inúmeros pacientes por asfixia ou mesmo por falta de atendimento adequado.

"Se não removermos 1.500 pessoas do atendimento especializado, vai continuar morrendo de 80 a 100 pessoas por dia porque não há UTIs e não se cria uma UTI do dia para noite. Aumentar leitos, trazer oxigênio, criar UTIs... quantas? 20, 30? Eu tenho que remover 1.500 pacientes. Não vou montar 1.500 leitos de UTI nunca em Manaus", afirmou Pazuello durante a recepção de 108 novos médicos contratados pelo Ministério da Saúde para atuarem na capital amazonense.

Até o momento, 320 pacientes do Amazonas foram transferidos para unidades de saúde de outros estados. Em Manaus, há uma fila de 612 pessoas aguardando leitos.

Inquérito por omissão

Por determinação do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal abriu nesta sexta-feira (29) um inquérito para apurar as responsabilidades e a suposta omissão de Pazuelloo no colapso de saúde em Manaus.

Ao determinar a abertura da investigação, Lewandowski atendeu a um pedido da procuradoria-geral da República (PGR) feito no último sábado (23). O órgão aponta que o Ministério da Saúde já sabia do possível falta de oxigênio desde o dia 8 de janeiro, seis dias antes do ocorrido. Isso foi exposto em comunicação da Advocacia-Geral da União (AGU) pelo próprio ministro Pazuello, em coletiva de imprensa.

“Considerando que a possível intempestividade nas ações do representado, o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa e/ou criminal, impõe-se o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial”, diz trecho do pedido da PGR.