O deputado estadual Hilton Coelho (PSOL-BA) foi ao Twitter, nesta quarta-feira (20), para afirmar que errou ao dizer que uma jornalista fez uma pergunta racista ao médico negro Uenderson Barbosa, um dos primeiros profissionais de saúde a receber a vacina contra a Covid-19 em Salvador.
"Ainda mantendo a afirmação da importância da luta contra o racismo institucional e que o caso ainda merece atenção, queremos aqui reconhecer o ERRO em relação à frase utilizada na primeira postagem. A repórter perguntou: 'VOCÊ É MÉDICO SOCORRISTA, ENFERMEIRO, QUAL SUA ATUAÇÃO?', escreveu Coelho, junto a um vídeo que mostra a pergunta feita pela jornalista.
A postagem do deputado vem após inúmeros internautas terem o acusado de distorcer a pergunta da repórter. Inicialmente, ele havia dito que a jornalista perguntou se Uendersson era "condutor ou enfermeiro", o que gerou um debate nas redes sociais sobre racismo.
Após a repercussão do caso e vir à tona o vídeo que mostra a jornalista fazendo uma pergunta diferente do que a inicialmente divulgada pelo deputado, a Associação Bahiana de Imprensa divulgou uma nota em solidariedade à repórter.
“O deputado estadual Hilton Coelho, reconhecido ativista da luta contra o racismo, precipitou-se ao lançar a acusação de prática racista sem ter o cuidado de rever a entrevista – o que teria evitado a conduta caluniosa e incompatível com o que se espera de um parlamentar com a sua origem e formação política”, diz um trecho da nota.
Confira, abaixo, a íntegra.
Instituição comprometida com a defesa da democracia e dos direitos humanos, e contra o racismo e toda expressão de preconceitos de qualquer natureza, a Associação Bahiana de Imprensa vem a público se solidarizar com a repórter Andréa Silva, da TV Bahia. A jornalista foi levianamente exposta por uma acusação de racismo, ao entrevistar um médico socorrista na transmissão ao vivo do início da vacinação contra a covid-19. Ao abordar o profissional vestido com o uniforme do SAMU, ela começa a pergunta questionando se o entrevistado é médico.
O deputado estadual Hilton Coelho, reconhecido ativista da luta contra o racismo, precipitou-se ao lançar a acusação de prática racista sem ter o cuidado de rever a entrevista – o que teria evitado a conduta caluniosa e incompatível com o que se espera de um parlamentar com a sua origem e formação política. Sua retratação na forma de um simples comentário, entre os quase cem comentários publicados na postagem acusatória numa rede social é desproporcional ao agravo e insuficiente para estancar as hostilidades a que a jornalista ficou exposta.
Quando um veículo de imprensa erra ao custo de prejuízos para imagem de pessoas e instituições, a regra é clara: retratação proporcional ao agravo. É o que merece a repórter Andréa Silva, com mais de 30 anos de profissão, sem máculas na sua carreira jornalística.