Em uma homilia transmitida pela TV Canção Nova, o padre Elenildo Pereira disse que não tomará vacina contra o novo coronavírus que não tiver "comprovação científica". Colocou em dúvida a efetividade do imunizante e, depois, replicou o trecho em seu Instagram, no dia 1º. A Canção Nova é ligada a alas mais conservadoras da Igreja Católica.
Na fala, ele ignorou que nenhuma vacina será liberada sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E, ainda, criticou o governo por ter comprado as doses antes da certificação. Reforçou, com isso, um discurso de desconfiança sobre a vacina.
"Tá vindo aí revestido de coisa boa, chamada de vacina contra o coronavírus. Vindo revestido de uma coisa belíssima: proteção, saúde, salvar vidas. Cuidado que é só a capa, só a capa”, afirmou ele durante a homilia aos fiéis. A missa é celebrada na sede da Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).
“Eu não tô dizendo que sou contra a vacina, eu não sou, sendo bem claro”, disse ele. “Desde que passe por todos os testes possíveis e imagináveis, como qualquer outra vacina, todas as fases necessárias”, prosseguiu ele na pregação. “Uma comprovação científica! Mas enquanto não tiver uma comprovação científica, padre Elenildo não tomará vacina. Não tomarei”, diz ele, sem definir o que chama de comprovação científica. Neste momento, é aplaudido pelos fiéis que estavam na igreja.
A declaração contrasta com a posição do papa Francisco, que já disse que será imunizado.
As vacinas atualmente em análise na Anvisa e mesmo que estão sendo aplicadas ao redor do mundo passaram por todas as fases de estudo previstas.
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Cobrança ao ministério
O padre prossegue: “Eu faço até uma pergunta para a vacina que está a í na praça: como é que se compra um produto para ser aplicado em milhões de pessoas antes de comprovação científica?”, questionou.
“Eu quero essa resposta. Dê um jeito de me encontrar, Ministério da Saúde, que já comprou a vacina”, disse ele. “Como se compra um produto que coloca em risco a vida da pessoa antes de uma comprovação científica?”, questionou.
Os acordos para aquisição de vacinas tanto do Ministério da Saúde – em relação à dose desenvolvida pela Oxford – quanto do governo paulista – sobre a Coronavac - foram condicionados aos resultados de segurança e eficácia dos produtos.
O discurso ajuda a reforçar a desconfiança sobre vacinas já provocada pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido).
O religioso compartilhou em seu Instagram no dia 1º de janeiro esse excerto e recebeu apoios e críticas dos fiéis. Na legenda do vídeo, ele escreveu: “Não tomarei vacina contra o coronavírus sem comprovação científica!”.