Em meio a pressão por adiamento do Enem, diretor do Inep morre de Covid-19

Órgão é responsável por elaborar exame; governo divulgou que vai antecipar abertura de portões, mas entidades foram à Justiça para postergar data da prova

Fechamento dos portões do ENEM na UERJ, em 2019 | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Em meio a uma pressão de entidades estudantis e candidatos pelo adiamento da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devido à escalada de casos e mortes por Covid-19 no país, o instituto que organiza a prova teve uma baixa exatamente por causa da doença.

O diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Carlos Roberto Pinto de Souza, morreu na tarde desta segunda-feira (11). A causa da morte não foi divulgada oficialmente. Contudo, o jornal Folha de São Paulo informou que obteve relatos dando conta de que ele estava internado para tratar a doença e que morreu em decorrência dela.

Segundo a nota do Inep, o diretor coordenou, entre outras, equipes envolvidas no Enem e “participou ativamente da concepção do Enem Digital e do Novo Saeb, principal projeto a que se dedicava nos últimos meses”. O militar tinha doutorado em Altos Estudos Militares e foi Comandante do Centro de Comunicação e Guerra Eletrônica do Exército Brasileiro.

Pressão por adiamento

A morte acontece em um momento em que há uma pressão para que o Inep adie a aplicação do Enem, marcada para os próximos domingos, dias 17 e 24. Um total de 5.783.357 pessoas estão inscritas.

No ano passado, foi realizada uma enquete com candidatos para saber em qual data eles preferiam que o exame fosse realizado. Participaram da pesquisa, voluntária, 19,3% dos inscritos. Entre os que responderam, a maioria, 49,7%, escolheu a opção 2 e 9 de maio de 2021 para a prova impressa e 16 e 23 de maio para a digital. Mas o Inep resolveu marcar as provas para janeiro, data escolhida por 35,3% dos respondentes.

Na última sexta-feira (8), a Defensoria Pública da União, junto com a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a Campanha Nacional pelo Direito à Educação e a Educafro, entrou com uma ação na Justiça exigindo o adiamento das provas. No mesmo dia, uma carta assinada por entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e endereçada ao Ministério da Educação (MEC) também pleiteou a suspensão do exame apontando o momento delicado da crise sanitária no país.

Nas redes sociais, há também grande movimentação no sentido de que a prova seja adiada. A hashtag #AdiaEnem é usada pelos estudantes que fazem parte da campanha.

Abertura dos portões antecipada

No entanto, por parte do Inep, a mostra é toda de que a data será mantida. Tanto que, nesta segunda-feira, o instituto divulgou que vai antecipar em meia hora o horário de abertura dos portões no próximo domingo, para as 11h30.

A medida, de acordo com o órgão, visa evitar aglomerações na entrada dos locais de prova, pois assim os candidatos terão uma hora e meia para acessar o ponto de aplicação do exame. Ela foi citada como uma das providências de segurança em decorrência da pandemia de Covid-19 para “garantir uma aplicação segura” da prova.