Presidente do BC atrela crescimento maior que esperado em 2021 a reformas neoliberais e covid baixa

Executivo disse em evento ao mercado que PIB pode “surpreender” e subir 4% no próximo ano; expectativa de analistas é 3,5% e do próprio governo é de 3,2%

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto José Cruz/Agência Brasil)
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (2) que a economia do Brasil pode surpreender em 2021 e crescer 4%. Mas, para isso acontecer, disse ser necessário que sejam feitas as reformas neoliberais para equilibrar as contas públicas. Além disso, torce para não haver uma segunda onda de altas infecções da covid-19.

A alta de 4% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 projetada por Campos Neto é superior aos 3,5% esperados pelo mercado e aos 3,2% de expectativa do próprio governo em seu planejamento.

O executivo deu as declarações num evento promovido pela Bloomberg para o mercado.  Para ele, o processo de recuperação da economia depende de reformas para equilibrar as finanças públicas. "É impossível ter juros baixos e inflação baixa sem disciplina fiscal.", disse.

Há uma visão no mercado de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é “otimista demais” em suas falas. Por isso, sempre dão um “desconto” nas declarações. Agora, foi a vez de Campos Neto assumir esse tom otimista.

Sobre o tombo de 9,7% no PIB no 2º trimestre divulgado na terça-feira (1º), o presidente do BC repetiu o que vem sendo dito pelo governo: era esperado. E que há “sinais evidentes” de recuperação.

Coronavírus é risco para recuperação

O principal risco para barrar o processo de recuperação da economia é uma segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus, afirmou Campos Neto. Segundo ele, essa possibilidade não está contemplada nas projeções. Mas vão ter que combinar com o próprio governo para evitá-la.

A vacina contra o novo coronavírus é uma das principais armas para debelar a pandemia. Com a população amplamente imunizada, cai o risco de uma segunda onda de contaminação, que pode barrar a recuperação econômica.

No entanto, o governo Bolsonaro resolveu defender que só tomará a dose quem quiser, num aceno a grupos conspiracionistas antivacina que crescem no mundo. Na segunda-feira (31), o capitão reformado disse a apoiadora  que não pode obrigar ninguém a se vacinar. Depois, na terça-feira (1º), a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) amplificou esse discurso, usando suas páginas em redes sociais para reproduzir a declaração.