Pouco após a publicização da notícia, veio à tona o vídeo que mostra o presidente Jair Bolsonaro fazendo uma ameaça explícita a um repórter do jornal O Globo.
"A vontade que eu tenho é de encher sua boca de porrada", disparou o capitão da reserva, neste domingo (23), ao ser perguntado qual o motivo de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro investigado pelo esquema de rachadinhas no gabinete do atual senador, ter depositado quantias em dinheiro na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. A pergunta do jornalista não foi respondida.
No vídeo, é possível ouvir também que, além de ameaçar o repórter, Bolsonaro o chama de "safado".
Assista.
"Jair Rousseff"
A Folha de S. Paulo foi o primeiro veículo a noticiar, na tarde deste domingo (23), a ameaça explícita que o presidente Jair Bolsonaro fez a um repórter do jornal O Globo. Questionado sobre os depósitos de Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente afirmou que tem vontade de “encher de porrada” a boca do jornalista.
Atentos, usuários das redes sociais passaram a cobrar a Folha pelo editorial publicado na sexta-feira (21) em que compara Bolsonaro à ex-presidenta Dilma Rousseff.
“Esperando vocês comparar ele com a Dilma. Vamos lá, vocês conseguem”, comentou uma usuária do Twitter na publicação da Folha de S. Paulo sobre a ameaça do presidente ao repórter.
“E o que a Folha pensa? Que esse homem é o Jair Rousseff. Assinatura cancelada”, postou outro internauta, em meio a centenas de comentários do tipo na mesma publicação do jornal.
Dilma responde
Em contundente nota oficial publicada na tarde deste sábado (22), a ex-presidenta Dilma Rousseff desmentiu informações veiculadas pela Folha de S. Paulo no editorial.
Logo no título da nota, Dilma resgata uma já antiga alcunha irônica do jornal, “Falha de S. Paulo”, e começa o texto relembrando “erros” graves do veículo.
“Foi por avaliar mal o passado que a empresa até hoje não explicou por que permitiu que alguns de seus veículos de distribuição de jornal dessem suporte às forças de repressão durante a ditadura militar, como afirma o relatório da Comissão Nacional da Verdade. Foi por não saber julgar o passado com isenção que cometeu a pusilanimidade de chamar de ‘ditabranda’ um regime que cassou, censurou, fechou o Congresso, suspendeu eleições, expulsou centenas de brasileiros do país, prendeu ilegalmente, torturou e matou opositores”, diz a ex-presidenta.
Sobre a questão dos gastos públicos, Dilma desmente o jornal com números. “Os dados mostram que a ‘irresponsabilidade fiscal’ que me foi atribuída é uma sórdida mentira, falso argumento para sustentar o golpe em curso. Entre 2011 e 2014, as despesas primárias cresceram 3,7% ao ano, menos do que no segundo mandato de FHC (4,1% ao ano), por exemplo. Em 2015, já sob efeito das pautas bombas, houve retração de 2,5% nessas despesas. As dívidas líquida e bruta do setor público chegaram, em meu mandato, a seus menores patamares desde 2000. Mesmo com a elevação, em 2015, para 35,6% e 71,7%, devido à crise que precedeu o golpe, elas ainda eram muito menores que no final do governo de Temer (53,6% e 87%) ou no primeiro ano de Bolsonaro (55,7% e 88,7%)”, pontua.