Diante da pressão e resistência, Zema diz que mandou suspender o despejo no Quilombo Campo Grande

Pegou mal para o governador de MG a truculência com a qual os trabalhadores e estudantes foram tratados pela polícia do estado

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Em nota oficial divulgada na tarde desta quarta-feira (12), o governo de Minas Gerais informou que solicitou a suspensão, durante a pandemia, do cumprimento da ordem judicial para a reintegração de posse da área onde hoje funciona o acampamento Quilombo do Campo Grande.

O governo diz, ainda, que prestou apoio técnico e assistência às família. No Twitter, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) reagiu dizendo que “não tem apoio técnico que repare o que você fez com as famílias hoje. A reintegração começou no início da manhã. Está atrasado. Te procurei tem dias e você manteve a violência praticada hoje".

As 450 famílias que vivem e trabalham no acampamento Quilombo Campo Grande, no município de Campo Limpo, interior de Minas Gerais, começaram a ser desalojadas já na madrugada, porém, seguiram firme na resistência, exigindo a suspensão da liminar que obriga a reintegração de posse. A ação policial truculenta pegou muito mal para o governador.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) reverberou a indignação de diversos parlamentares que foram contra a ação policial, chamando-a de ato desumano e ação criminosa. O deputado mineiro classificou a ação como “covardia de Zema, em plena pandemia". "Aparato policial de repressão para despejar trabalhadores. Famílias na área há 20 anos. Propriedade de usina falida que tudo abandonou e ocupações construíram e produzem no Quilombo Campo Grande. Apesar do alerta da Comissão de Direitos Humanos, a Justiça manteve e lá vai a polícia cumprir ordem dos ricaços e exploradores, revoltante”, completou.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais diz que não houve ordem de despejo expedida durante a pandemia, que a ação executada hoje foi decidida em 2019, mas que liminares protelavam a desocupação. O TJMG diz ainda que as partes chegaram a um acordo e que a desocupação teria que ser realizada ainda este ano.

O certo é que, enquanto os trabalhadores não obtiverem a posse definitiva da terra, o fantasma do despejo continuará a rondar as famílias assentadas.