Um homem de 49 anos, suspeito de manter a própria mulher em cárcere privado, foi preso em flagrante em casa, nesta quarta-feira (8), em Campo Grande, na Zona Oeste. O que levou a polícia à prisão foi um bilhete da vítima, uma mulher de 46 anos, enviado à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) Oeste pelo próprio filho do casal, que o fotografou.
A delegada Mônica Areal conta que no bilhete a vítima dizia estar sofrendo agressões físicas e violência psicológica durante oito anos. A rotina de tortura impressionou até a própria delegada responsável pelo caso.
“Ele fica o tempo todo atrás de mim, vendo o que faço e me ameaçando”, diz um trecho da mensagem.
Ela não podia sair de casa sozinha, não podia receber amigos em casa e só usava o celular quando estava ao lado do marido, com ele monitorando até o tempo de duração das ligações.
O homem vai responder pelo crime de cárcere privado, que tem pena de dois a cinco anos de prisão. O suspeito já foi encaminhado ao sistema penitenciário.
A vítima deverá ser ouvida pela delegada ainda nesta quinta (9) e revelar detalhes sobre o tratamento agressivo que ela recebia do marido. No momento da prisão em flagrante, além de não fazer comentário algum sobre o assunto, o suspeito não resistiu à prisão.
"Ela estava muito nervosa, e mal conseguia falar. Contou que tentou fugir, mas não conseguiu. Procurou a delegacia, mas não conseguiu formalizar a queixa. Ela vivia tão oprimida, tão dominada pelo marido que, no momento da prisão, ficou quietinha, calada num canto da porta. Deu para perceber o nível de dominação que ele tinha sobre ela", contou a delegada.
O filho da vítima estava muito nervoso quando foi à Delegacia, levando a foto do bilhete no celular. Ele contou que a família estava desconfiada de que alguma coisa não estava normal entre o casal e, nas poucas vezes que conseguiu visitá-los, a mãe permanecia calada, num canto.
"Ontem, durante uma visita, numa distração do marido, o filho conseguiu fotografar o bilhete e trazer aqui à delegacia. Ele veio acompanhado de um outro parente, que também estava desconfiado da maneira retraída com que a vítima se comportava. Mas como ela não tinha liberdade para usar o telefone nem receber visitas, porque o marido estava sempre ao lado, eles não tinham como saber exatamente o que estava se passando com a vítima", disse a delegada.
Com informações do G1