Caso Miguel: MP denuncia Sari Corte Real por abandono de incapaz

Promotor confirmou entendimento da polícia de que a primeira-dama de Tamandaré demonstrou dolo ao largar criança no elevador e adicionou agravante por obrigar mãe a trabalhar na pandemia

Reprodução/TV Globo
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O Ministério Público de Pernambuco denunciou a primeira-dama de Tamandaré (PE), Sari Corte Real, por abandono de incapaz que levou à morte do menino Miguel Otácio, de 5 anos, no Recife.

Miguel era filho Mirtes Renata Santana de Souza, que era trabalhadora doméstica na casa de Sari e do marido, o prefeito Sérgio Hacker (PSB). O menino caiu do 9º andar do edifício de luxo no centro da capital de Pernambuco, onde a família se isolava do coronavírus, no dia 2 de junho.

Obrigada a trabalhar, Mirtes precisou levar o filho naquele dia. Câmeras do circuito interno de segurança do condomínio mostraram o momento em que a patroa permitiu que Miguel entrasse sozinho no elevador enquanto a mãe da criança executava suas tarefas.

Segundo as investigações, Sari demonstrou o dolo de abandono quando permitiu que a porta do elevador onde estava a criança se fechasse e voltado imediatamente a seu apartamento, onde estava fazendo as unhas.

O apartamento dos patrões ficava no 5º andar. Miguel, que procurava pela mãe, saiu do elevador no 9º andar e escalou uma grade na área dos aparelhos de ar-condicionado, na ala comum do edifício, fora do apartamento, de onde caiu.

O promotor de Justiça Eduardo Tavares confirmou o entendimento da polícia e ainda adicionou dois agravantes à denúncia. Ele entendeu que o crime foi mais grave porque foi contra uma criança e ocorreu no momento de calamidade pública, durante a pandemia de coronavírus, quando a mãe de Miguel não deveria estar trabalhando.

Os agravantes podem aumentar a pena de Sari Corte Real, caso a Justiça aceite a denúncia contra ela e o processo resulte em condenação.

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