O governador João Doria (PSDB) declarou nesta segunda-feira (1º) que não vai permitir mais que sejam realizadas duas manifestações com objetivos antagônicos no mesmo dia e no mesmo horário em São Paulo. Ele fez o anúncio um dia depois que bolsonaristas causaram confusão em um protesto antifascista na av. Paulista, região central da capital, seguida de ação desproporcional da Polícia Militar contra os antifascistas.
"O que não ocorrerá mais na Paulista serão manifestações de duas partes ao mesmo tempo, no mesmo horário, no mesmo dia. Isso não será permitido pela Secretaria da Segurança Pública do estado de São Paulo. Tenho certeza que os manifestantes saberão compreender que não é no confronto físico, [com] pessoas com armas brancas ou qualquer outro tipo de instrumento, que nós vamos assegurar a democracia", disse o governador.
"Volto a repetir, confrontos só atendem o interesse da visão autoritária, daqueles que querem justificar intervenção militar pela falta de controle da Polícia Militar. E em São Paulo, volto a reafirmar, isso não ocorrerá. Por isso, as manifestações serão em dias distintos, e assim será feito por determinação do governo do estado de São Paulo para proteger a vida das pessoas e o seu legítimo direito de manifestação."
Segundo Doria, os policiais militares foram orientados a acompanhar os protestos e redobrar revistas para evitar novos confrontos. No entanto, o governador ressaltou que manifestações com discriminação racial são proibidas pela Constituição brasileira.
"Se houver qualquer manifestação explícita com sinais que indiquem discriminação à comunidade judaica, por exemplo, a ação da Polícia Militar será feita, porque aí não há manifestação com direito à liberdade e sim uma manifestação proibida pela Constituição", disse Doria.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro exibiram na Paulista bandeiras ligadas a movimentos de extrema-direita e neonazistas da Ucrânia. O grupo provocou os antifascistas de torcidas de futebol, que estavam irritados com as bandeiras, e causaram o confronto, segundo a própria PM. Contudo, os policias usaram bombas de gás e violência apenas contra os antifascistas.