A pandemia do coronavírus gerou pânico e revolta entre moradores do povoado de Angico, na cidade de Campo Alegre de Lourdes, divisa da Bahia com Piauí. Na manhã da última quinta-feira (28), a população local ateou fogo em um galpão de lona em um canteiro de construção onde a construtora Andrade Gutierrez mantinha trabalhadores infectados pela Covid-19.
Nenhum trabalhador foi ferido e ninguém foi preso, e a Polícia Civil agora trabalha em um inquérito sobre o caso.
O motivo da revolta dos moradores é o fato da construtora ter resolvido manter parte dos 34 trabalhadores da empresa que testaram positivo para o coronavírus em isolamento na cidade, que tem 28 mil habitantes e não possui estrutura de saúde suficiente para suprir a demanda de infectados.
Um dos funcionários da Andrade Gutierrez morreu em decorrência da Covid-19 no último domingo e, então, a empresa resolveu testar os outros funcionários.
Segundo o portal UOL, a empresa decidiu isolar parte dos trabalhadores infectados e com suspeitas de infecção em uma pousada e em uma casa em Campo Alegre e outra parte na cidade de Barreiras. Durante a semana, no entanto, veio à tona, para a população local, a notícia de que a construtora teria montado um galpão de lona em um canteiro de obras para que os trabalhadores com Covid-19 ficassem em isolamento.
"Após intensa negociação durante todo o dia, entre a Prefeitura e o Consórcio Linhão T-BAPI, ficou acordada a transferência de todos os funcionários que aqui estavam para a cidade de Barreiras [que tem 155 mil habitantes]. No entanto, ao amanhecer do dia de hoje (28) tivemos a informação de que a empresa havia transferido os funcionários da sede do município para o canteiro de obras do povoado de Angico (da estrada do Remanso), causando uma revolta muito grande na população da comunidade", diz nota da prefeitura de Campo Alegre.
Além de atear fogo no galpão, os moradores da cidade expulsaram os trabalhadores do canteiro de obras usando armas.
"A construtora e o consórcio ressaltam que o isolamento não coloca em risco a população local, uma vez que as instalações têm amplo espaço e todos os cuidados estão sendo adotados (...) Além disso, a medida de paralisação também foi tomada visando a integridade física dos colaboradores, uma vez que populares usaram de violência nos últimos protestos, inclusive com uso de armas. A Andrade Gutierrez e o consórcio lamentam a postura violenta de populares que em nada contribui para a resolução de um problema de saúde pública e lembram que seus funcionários são um extrato da sociedade, estão exercendo suas profissões e trabalhando pelo país, portanto merecem respeito e acolhimento de todos", disse a construtora, também por meio de nota.